A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) voltou a cobrar o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) medidas que possam conter uma crise no agronegócio no estado diante da quebra de safra, em decorrência as adversidades climáticas, e os baixos preços da saca de 60 quilos. Segundo o setor produtivo, os contratos começam a vencer no próximo dia 30 de março.
A nova cobrança foi feita pelo presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, durante a abertura da feira Show Safra BR-163, em Lucas do Rio Verde. Na ocasião, ele pontuou que a produtividade da soja caiu cerca de 20% nesta safra 2023/24 no estado, em relação a temporada passada, diante da forte presença do fenômeno El Niño.
Como destacado pelo Canal Rural Mato Grosso, algumas propriedades no estado chegaram nos primeiros talhões a registrar produtividades média de quatro, sete, dez sacas por hectare.
Conforme a última estimativa de safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a produtividade média da soja esperada para a safra 2023/24 é de 52,85 sacas por hectare, o que não cobriria os custos de produção projetado em 62 sacas por hectare.
O presidente da Aprosoja-MT ressaltou ainda que o preço da saca de soja caiu de R$ 118, no início do plantio, para a casa dos R$ 100, uma queda de cerca de 15%. Ao se comparar com as cotações do início de 2023 a queda ultrapassa os 35%.
“Essa crise, somada a queda de produção e os preços baixos, fez com que acontecesse algo atípico. Os números do Imea falam em custos de produção em 62 a 63 sacas por hectare. E, tivemos produtores acostumados a colher 70 sacas, que colheram 10, 20, 30 sacas. Diante desses números do Imea, a ‘conta não fecha’, por isso fizemos essa carta ao Mapa”.
Ofícios enviados ao Mapa
A nova cobrança ocorre cerca de dois meses após a entidade encaminhar um ofício à Secretaria de Política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa), em 26 de janeiro, solicitando medidas de apoio.
Na ocasião foi solicitada a destinação de R$ 500 milhões para alongamento de dívidas, com taxa de 5,5% ao ano; uma linha de crédito de 1,95 bilhão de dólares, a uma taxa de 5,5% ao ano e outra linha de credito de R$ 1,05 bilhão para equalização de juros agrícolas.
Ainda de acordo com a entidade, um segundo ofício foi enviado ao ministro Carlos Fávaro em 28 de fevereiro.
“Isso colocaria no mercado mais de R$ 40 bilhões e ajudaria nesse crédito, para que esse produtor consiga salvar o seu negócio”, destacou Lucas Costa Beber.
Em recente entrevista do programa Estúdio Rural, realizado pelo Canal Rural Mato Grosso, o vice-presidente da Aprosoja-MT, Luiz Bier, destacou que a falta de respostas por parte do Ministério da Agricultura preocupa o setor produtivo do estado.
“Tão grave quanto não vim esse dinheiro, é o dinheiro chegar atrasado. O Ministério precisa nos dar uma resposta e tomar atitudes rápidas. As nossas contas começam a vencer em 30 de março. Se ocorrer do produtor não pagar a conta, todos os municípios agrícolas e o estado de Mato Grosso vão sofrer”, disse Luiz Bier ao Estúdio Rural.
Prorrogação de investimentos conforme os contratos
Também presente na abertura da Show Safra BR-163, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, rebateu que medidas estão sendo tomadas e anunciou que “os investimentos que vencem no ano de 2024 serão prorrogados de acordo com os contratos”.
“Vamos também criar uma normatização para que os custeios dos bancos públicos cumpram as normativas do crédito rural e sejam todos prorrogados de acordo com a necessidade do produtor brasileiro”, completou Fávaro.
O ministro salientou ainda, que as medidas são uma “determinação do presidente Lula” e que visam evitar a inadimplência do setor diante das adversidades enfrentadas na safra 2023/24.
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