POLÍTICA AGRÍCOLA

Aprosoja-MT sugere ao Mapa destinação de R$ 500 mi do Tesouro para dívidas de produtores

O ofício propõe também a criação de duas linhas emergenciais de crédito, a primeira em dólar, no montante de US$ 1,95 bilhão via BNDES, com taxa de 5,5% ao ano, mais variação cambial

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural Mato Grosso
Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural Mato Grosso

Nesta sexta-feira (26), foi enviado um ofício à Secretaria de Política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa) apresentando propostas para ajudar o produtor mato-grossense a superar os efeitos do clima adverso na safra 2023/24. A sugestão é que o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, destine R$ 500 milhões do Tesouro para suportar o alongamento das dívidas dos produtores de Mato Grosso, conforme prevê o Manual de Crédito Rural (MCR). 

O pedido foi feito pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e assinado pelo presidente da entidade, Lucas Beber. 

O documento propõe também a criação de duas linhas emergenciais de crédito, a primeira em dólar, no montante de US$ 1,95 bilhão via BNDES, com taxa de 5,5% ao ano, mais variação cambial.

A segunda linha de crédito proposta, em reais, estimada em R$ 1,05 bilhão de orçamento extra para equalização com recursos do Tesouro, com taxa de 7% ao ano.

Para as duas linhas, a entidade sugere cinco anos de prazo e um ano de carência. Além disso, pede que as medidas não prejudiquem o limite e o rating dos produtores afetados, o que vai exigir celeridade na aprovação e liberação dos recursos. 

A Aprosoja-MT também propõe que o Mapa coordene diálogos com as tradings para discutir as cláusulas denominadas washout, uma vez que há produtores com grandes perdas e não conseguirão entregar o produto negociado. A entidade requer que “os percentuais sejam reajustados, no mínimo, aos patamares a que essas companhias são submetidas em contratos internacionais”.

Documento pede fortalecimento do Seguro Rural 

No ofício, também consta o pedido para o fortalecimento do Seguro Rural e o desenvolvimento de novos instrumentos de gestão de risco. O objetivo, diz o documento, é evitar que o Poder Público seja demandado no futuro a desembolsar grandes montantes para manter a agricultura viável, e por consequência, a economia do país. 

De acordo com estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o agronegócio representa 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A safra de soja no estado deve ter uma quebra de 21%, segundo pesquisas realizadas pela Aprosoja-MT. 

“Com uma importância expressiva para a balança comercial e a estabilidade da moeda, a cultura da soja precisa ter seus riscos melhor avaliados e cobertos por instrumentos de gestão. A ampliação da subvenção ao prêmio do seguro, hoje limitada a apenas 20%, e adequação do orçamento do Programa de Seguro Rural são medidas de curto prazo imprescindíveis”, diz partes do documento.

O ofício também pede que a SPA atue pela extinção da Moratória da Soja, acordo comercial que proíbe a compra da soja produzida em áreas desmatadas após 2008 no bioma da Amazônia, mesmo que legalmente, se sobrepondo ao Código Florestal. “Produção sustentável é aquela que respeita o Código Florestal e que observa os ditames do art. 225 da Constituição Federal”, diz.

“Nesse sentido, a SPA […] deve agir institucionalmente e até junto ao CADE para que esse acordo comercial deixe de gerar obstáculos ao nosso crescimento. Vale lembrar que o Banco do Brasil aderiu à Moratória e conta com grande volume de recursos do Tesouro para subvenções e equalizações da taxa de juros. Como a SPA lidera a construção do Plano Safra, sugerimos que após um diálogo junto com o banco, se este se recusar a sair da Moratória, que tais recursos federais sejam direcionados para aplicação por cooperativas de crédito”, completa.


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