A moratória da soja, acordo assinado em 2006, é “uma armadilha” para as próprias empresas que a assinaram, na avaliação do deputado estadual Carlos Avallone (PSDB). Segundo o parlamentar mato-grossense, as imposições europeias quanto a produção brasileira são um “desrespeito” a legislação do país.
“Nós temos uma legislação que é bastante rígida. A mais rígida do mundo. Por isso, temos floresta, temos essa visibilidade do mundo em cima do nosso meio ambiente. Mato Grosso é um exemplo, porque conseguimos ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo com 62% do estado preservado”, frisa Carlos Avallone em entrevista do programa Direto ao Ponto, do Canal Rural Mato Grosso, desta quarta-feira (29).
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), tendo presidido por seis anos a ONG Ação Verde no estado, o parlamentar lembra que a região Amazônica conta com cerca de 20 milhões de habitantes.
“São seres humanos que precisam sobreviver e para que se sobreviva num desenvolvimento sustentável nós precisamos de tecnologia, dar apoio e condições a eles”.
De acordo com Carlos Avallone, a aprovação, por parte do parlamento europeu, recentemente de uma legislação à qual fala que a Europa não irá mais adquirir soja de área de desmatamento a partir de 2020, mesmo sendo área legal, com autorização, “piorou a situação” de quem depende da produção agrícola para sobreviver.
“A moratória da soja, que é um acordo entre as empresas de 2006, é referendada agora por uma lei do parlamento europeu. Então, o parlamento europeu desconsidera a legislação brasileira. A Europa não cuidou das florestas dela”.
Para o parlamentar “nós temos que parar de ficar nessa aceitação de tudo o que vem de lá. Nós temos que mostrar que precisamos ser respeitados também”.
Atualmente tramita na ALMT o projeto de lei 2256/2023, de autoria do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), que trata sobre a retirada dos incentivos fiscais de empresas que apoiam a moratória da soja. O projeto já foi aprovado em primeira votação. Tal proposta também foi apresentada pelo governador Mauro Mendes (União Brasil).
“A Europa compra seis milhões de toneladas de soja nossa. Quanto Mato Grosso produz? Então, nós podemos dizer a eles ‘Olha vocês não querem comprar de nós? Nós também não queremos vender para vocês’. Nós somos o maior produtor de alimentos no mundo. Não podemos ficar na mão de quem está radicalizando e não cumprindo a nossa legislação e criando uma legislação lá e desrespeitando a nossa”.
Carlos Avallone destaca ainda, durante a entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, que “problemas” poderão ocorrer caso se deixe de vender soja para a Europa. Contudo ressalta que “ajustes de mercado” serão feitos para isso, “podendo ficar um pouco mais na mão da China”.
Ele confessa ainda que “é perigoso ficar na mão de um só”, no caso da China, “mas, olha é muito melhor do que a gente aceitar essa imposição em cima de todos os produtores da forma como eles estão colocando. Não é só a soja. Eles colocaram na carne e uma série de coisas. O prejuízo é muito maior”.
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