“Mais um ano desafiador para a pecuária mato-grossense em termos climáticos e de preço. A melhora começou no último trimestre por conta do aumento das exportações”. A afirmação é do presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Júnior, em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso.
Além desse aumento de exportações, o consumo interno foi surpreendente, de acordo com a entidade, pela demanda da carne bovina no final deste ano. A expectativa para 2024 é fechar o ano com um balanço positivo, principalmente, com relação aos recordes de produtividade, exportações, abates ligados ao ciclo pecuário.
“O mais importante para gente é que o mercado interno, que absorve hoje 70% da nossa produtividade, é o nosso grande comprador. Porém, o mercado externo traz divisas para o país. Divisas em dólar, que pro Brasil é mais importante, para a balança comercial e também para trazer mais renda aqui dentro”, conta Oswaldo.
Caminhando para uma vitória pantaneira
Neste ano o governo de Mato Grosso, sancionou a lei que permite o avanço da pecuária extensiva (a pasto) nas áreas alagadas do Pantanal, dentro do estado. A lei 12.653/2024 alterou dispositivos da legislação ambiental estadual de 2008, que libera a criação de animais em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e reserva legal.
A norma proíbe o cultivo de gramíneas não nativas no ecossistema das reservas legais, porém autoriza o plantio de pastagens cultivadas em até 40% da área total nas planícies alagáveis do Pantanal.
De acordo com a Acrimat, mesmo que a lei esteja passando por entraves no Supremo Tribunal Federal (STF) para poder iniciar com efetividade, é uma vitória do setor produtivo e, principalmente, dos pantaneiros.
“Quem mais trabalhou duro para isso foi o nosso finado, Amado de Oliveira que trabalhou muito nesse sentido. E nós conseguimos que o governo do estado assinasse esse decreto que vai trazer mais tranquilidade para o pecuarista pantaneiro. A gente sabe que a pecuária pantaneira é fundamental porque o Pantanal precisa do boi. O Mato Grosso viveria sem a pecuária do Pantanal, mas o próprio Pantanal não vive sem o boi e sem o povo pantaneiro”, explica.
Diagnóstico sobre incêndio no estado
O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso realizou neste ano, um diagnóstico para mapear e classificar o território atingido por incêndios no estado.
As áreas consideradas produtivas e regularizadas registraram 0,99 foco por 100 km², as áreas improdutivas ou irregulares registraram 10,6 focos para cada 100 km². Nas áreas de assentamento rural, o índice foi de 7,47, nas Unidades de Conservação de 6,68 e nas Terras Indígenas de 6,16 para cada 100 km².
O presidente da Acrimat diz que o pecuarista foi acusado diversas vezes, nesse período, por ser o grande causador de incêndios e que os números da pesquisa do Corpo de Bombeiros, mostram o contrário.
“É uma coisa absurda, não existe isso. O incêndio para nós é um destruidor de tudo, destrói a nossa vida em segundos. Não devia nunca ser pensado que o produtor provoca esse tipo de coisa. A gente lutou para que entendessem, mas ainda o governo federal para poder justificar as suas ações, ainda imputa muita culpa ao produtor rural”, pontua.
Perspectivas para 2025
Conforme Oswaldo, o que se pode esperar para 2025 é a continuidade do trabalho do pecuarista, fora ou dentro da crise. A entidade estima números altos de exportações por muitos países especulando a carne mato-grossense, além dos países que já são parceiros.
“Vamos continuar fazendo o que fazemos de melhor, que é produzir alimentos de qualidade e saudável. O mercado se rege, por si só. Então nós vamos ter alta oferta, vai baixar o preço da carne, vai ter diminuição de oferta, vai subir o preço da carne. O mercado trabalha independente da nossa vontade. Nós temos os frigoríficos na frente e o mercado varejista na ponta”, finaliza o presidente da Acrimat.
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