PATRULHEIRO AGRO

Proliferação do mosaico dourado causa prejuízos de até R$ 3 mi para produtor de feijão em MT

Além de perdas consolidadas de até 100% em algumas lavouras, o inseto vetor está triplicando o número de aplicações em muitas plantações

Produtores de feijão do médio-norte mato-grossense estão apreensivos com a alta pressão de mosca branca contaminada com vírus do mosaico dourado nos feijoeiros da região. Em Sorriso, há produtor calculando prejuízos na casa dos R$ 3 milhões nesta safra, entre uso de inseticidas e perdas de produtividades.

Além de perdas consolidadas de até 100% em algumas lavouras, o inseto vetor está triplicando o número de aplicações de produtos em muitas plantações, elevando assim o custo de produção.

É o caso da propriedade em que o gerente de produção Carlos Alberto Weber trabalha. “Vamos tentar ver o que conseguimos colher. Ver o que conseguimos tirar ainda da lavoura. Nós esperávamos uma produtividade muito boa, mas com a doença instalada na lavoura não tem condição”, diz ele ao Patrulheiro Agro desta semana.

O investimento realizado na propriedade, que conta inclusive com área irrigada, foi para colher no mínimo 50 sacas de feijão por hectare, segundo o gerente de produção. Contudo, a expectativa hoje é de aproximadamente 15 sacas por hectares, caso consigam colher.

Além das perdas em produtividade, o custo de produção ficou acima do projetado na propriedade devido ao aumento das aplicações que saltaram de sete para 20. Questionado sobre os resultados obtidos de tal ampliação, Carlos Alberto afirma à reportagem do Canal Rural Mato Grosso que “nenhum. A prova está aí para quem quiser ver. Esse ano a aplicação de três em três dias de produto não conseguimos controlar nem um pouco da doença”.

Mosca branca ainda assombra as lavouras

A mosca branca, explica o consultor agronômico Rubens de Oliveira Dias, é o principal vetor da doença do mosaico dourado.

“Ela é uma virose que entra na planta e dá um distúrbio fisiológico nela. Dá um tom amarelado para dourado. É esse tom que nós vemos na lavoura e dá um super rebrotamento na planta, abortamento de flor e danificação de vagem. A parte de senescência também é comprometida, perdendo na capacidade produtiva dele. E minha preocupação é o que vai acontecer daqui para frente”.

O produtor Nédio Germiniani cultivou 800 hectares de feijão nesta temporada com pivô na propriedade em Sorriso. De acordo com ele, antes se realizavam as aplicações para combater a mosca branca e “pronto”, não ocorrendo a contaminação.

“Agora do jeito que está, a cada três dias nós estamos passando na bordadura. Um dia sim, um dia não e não consegue controlar. Vários produtores tiveram que abandonar os pivôs, porque não deram mais conta. Aplica, aplica e está morrendo tudo. Contaminou tudo. Não está produzindo mais nada. Nós estamos aqui tentando salvar o miolo do pivô”, frisa ele ao Patrulheiro Agro.

Situação no feijão em diversos municípios

A Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT) comenta que a situação observada nas lavouras em Sorriso se estende para outros municípios, como Nova Ubiratã e Lucas do Rio Verde.

“Nós estamos tendo lavouras de Sorriso, Nova Ubiratã, Lucas do Rio Verde que estão sendo extremamente prejudicadas pela infestação desse mosaico dourado. Temos lavouras com perdas de 100%, temos agricultores entrando em estado de desespero, pois não sabem o que fazer, porque a partir do momento em que essa doença entra, não tem nenhum produto que controle ela mais”, pontua o presidente da entidade, Hugo Garcia.

O cultivo de semente de feijão fora de época é apontado pelos produtores rurais como a principal motivação da proliferação da doença do mosaico dourado nos feijoeiros. Cenário que, segundo eles, pode colocar em risco o futuro da cultura na região.

“O produtor está salvando o grão para fazer a semente durante a safra e coloca essa cultura antes do pivô, onde a mosca aumenta e prolifera o mosaico, a virose e depois começa a migrar para a área irrigada”, relata o consultor agronômico Rubens de Oliveira Dias.

O presidente da Aprofir-MT, Hugo Garcia, ressalta que diante dessa ponte verde, “a mosca branca que estava no outro feijão, ela contaminada vai começar a contaminar o outro feijão que está nascendo, então assim o estrago é muito grande”.

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