COBRAM MANUTENÇÃO

Fogo em lavoura de Nova Mutum pode ter sido ocasionado por faísca na rede elétrica, diz Sindicato; veja vídeo

Área atingida pelo fogo neste domingo (25) ainda é contabilizada; concessionária de energia já havia sido alertada sobre possibilidade de incêndios

Dois grandes incêndios em propriedades rurais foram registrados neste domingo (25) em Nova Mutum. Em um deles, o fogo pode ter sido iniciado após faíscas na rede elétrica, segundo o Sindicato Rural. Manutenção na rede é cobrada constantemente por produtores.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen, os incidentes ocorreram em uma distância de aproximadamente dez quilômetros.

A propriedade a qual o incêndio pode ter sido gerado pela rede elétrica é vizinha da sua fazenda, cerca de dois quilômetros.

Paulo Zen comenta, ao Canal Rural Mato Grosso, que a região vem sofrendo há anos com a falta de manutenção da rede elétrica por parte da concessionária de energia, a Energisa. A rede possui em torno de 40 quilômetros e é de 1995. A distância entre os postes é de 135 metros, podendo, alguns, chegar a 150 metros.

“E nos cabos foram eliminadas aquelas cruzetas, aquelas travessas, que tem em cima do poste e os cabos foram colocados direto nos postes. Os cabos como ficaram mais próximos e pelos postes serem mais longes, na época de agosto geralmente tem redemoinhos, ventos e um cabo trisca no outro e aí gera uma faísca, ocasionando o fogo”.

O presidente do Sindicato Rural frisa que as cobranças pela manutenção são constantes. Além do período de seca, a temporada de chuvas, salienta ele, também traz transtornos no que tange a rede elétrica, pois costumam ocorrer rompimentos de cabos.

“Ontem estávamos trabalhando e piscou a energia três vezes e cantei a pedra de que ia ocorrer algum fogo na rede. Não deu 30 minutos o telefone tocou e era o vizinho chamando para ajudar. E tinha bastante gente no outro fogo há dez quilômetros. Então, foi moroso, pois chegamos em poucos para segurar o fogo”.

Colheita dirá o tamanho do prejuízo

De acordo com Paulo Zen, nesta fazenda em questão o proprietário, além de perder toda a palhada, já havia distribuído o calcário e o cloreto de potássio na lavoura, preparando o solo para receber a soja no próximo mês. A extensão atingida ainda é contabilizada.

“Ele perdeu o serviço que fez, mais o prejuízo do adubo e da palhada. Isso é uma coisa incalculável. Vamos saber [o real tamanho do prejuízo] quando ele colocar a colheitadeira na soja para dizer o que vai acontecer de perdas ali [produtividade]. Isso ele não vai ser ressarcido”.

Ainda segundo o presidente do Sindicato Rural, recentemente conseguiu-se que a concessionária de energia fosse até a região e realizasse um levantamento da situação.

“Só que eles estão amarrados na lei. Só pode desligar a energia por quatro horas por dia para fazer esse tipo de manutenção, tem que procurar pontos em que podem trabalhar com a energia ligada. É moroso o trabalho deles. A gente entende. Só que tem que começar e nunca começa. Já são dois anos que fazemos tudo isso, explicando que a rede está com problema, que vai chegar neste ponto”.

Foto: Reprodução

Paulo Zen comenta ainda que há cerca de 60 dias, inclusive, um caminhoneiro perdeu a vida, após um cabo de energia elétrica cair em cima da caçamba, enquanto ele descarregava calcário.

“Nós queremos que a Energisa olhe para esse lado. O produtor não está cobrando o que não é de direito dele. Não está pedindo um a mais. Ele já fez essa rede. Essa rede foi feita por nós e doada na época para a empresa que tinha a concessão para ela manter as redes”.

Ele frisa ainda ao Canal Rural que “se for andar e pegar as redes particulares, nós já trocamos todos os nossos postes, todo o nosso cabeamento. Do linhão principal para dentro da propriedade, você não acha mais rede com mais de dez anos. Todo mundo que construiu um armazém, um aviário, colocou um pivô teve que aumentar a rede”.

O presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum espera que diante do ocorrido no domingo “um trabalho sério seja feito e bem feito, porque até hoje só foi gambiarra”.

A equipe do Canal Rural Mato Grosso entrou em contato com a Energisa.

Confira a nota na íntegra:

A Energisa esclarece que tem acompanhado em tempo real a incidência de focos de calor no estado, sendo ainda parte do comitê que combate as queimadas em Mato Grosso. A empresa entende a preocupação dos produtores e informa que vai encaminhar equipes ao local com urgência, para checar a denúncia.

No entanto, destaca que é impossível estabelecer conexões de incêndios com redes de energia, sem que seja feita a perícia técnica devida no local, visto que muitas vezes as estruturas de energia que são atingidas pelo fogo, acabam colapsadas pela violência das chamas. Ou seja, os focos surgem em outras regiões e afetam o sistema elétrico.



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