Agricultores em Mato Grosso estão tendo de utilizar do improviso, criatividade e até mesmo reciclagem do parque de máquinas agrícolas diante dos preços de equipamentos novos. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) chega a aconselhar a adoção da cautela no momento de novos investimentos.
Produtor no município de Vera, Thiago Strapasson para tentar restaurar a colheitadeira destruída em um incêndio precisará aproximadamente de R$ 1 milhão. O investimento é considerado alto, contudo, ao se comparar com o preço de uma máquina nova a restauração é vista como viável.
“Não dá para desistir, não. Tem que pegar e gastar esse dinheiro para tentar restaurar ela, fazer funcionar. Porque hoje uma nova é bem mais cara”, frisa Strapasson.
Conforme o produtor, o aumento do custo dos maquinários acompanhou a alta do preço da soja. “A soja teve um aumento lá atrás e o maquinário disparou o preço junto. Só que agora a soja recuou os preços e o maquinário não”.
Custo com máquinas usadas pesa no orçamento
Na avaliação dos agricultores o custo da manutenção e das peças das máquinas usadas, que antes não impactavam tanto no orçamento das fazendas, também estão mais caros atualmente.
“Toda vez que você vai comprar uma peça nova ela sobe 4%, 5%, 10%. Então, isso aí está fazendo uma diferença grande no caixa do produtor rural”, diz o presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini.
Para manter o parque de máquinas em dia e não comprometer o caixa tem agricultor adotando estratégias alternativas no barracão, como é o caso do produtor de Nova Mutum, Paulo Roberto Zen que reformou um trato de 1992.
“Trinta anos praticamente. Esse ano o levamos para a cidade e reformamos de ponta a ponta. Se fosse vender íamos ganhar R$ 100 mil e gastamos R$ 50 mil. Mas, para mim, para trabalhar, para descarregar bag é o trator que serve”, salienta Zen.
De acordo com Zen, se ele fosse adquirir um outro trator usado, por exemplo, os gastos poderiam ser ainda maiores, uma vez que o equipamento poderia ter problemas invisíveis.
“O meu pelo menos eu conhecia. Eu fui reto aos problemas e reformei o que precisava. Agora acredito que vá durar mais uns 30 anos”, comenta Zen, cuja última máquina nova adquirida foi há dois anos.
Cautela se faz necessária diante dos custos
A Aprosoja-MT considera muito elevado o atual patamar dos preços de máquinas agrícolas e recomenda cautela aos agricultores em relação à novos investimentos.
“O que a gente viu foi um aumento exorbitante do preço dos maquinários. Não condiz com os custos. A gente sabe que tem margeamento em cima disso e a orientação que damos aos nossos produtores é que se não precisar não compre. Além de pagar uma taxa de juro alta, a viabilidade das máquinas está alastrada nas máximas do mercado”, aconselha o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.
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