Produtores de soja contestam a determinação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) quanto à determinação da mudança do calendário de plantio no estado. Segundo os agricultores, em especial os que visam o plantio tardio para produção de sementes próprias, a semeadura realizada até 03 de fevereiro reduz a incidência de ferrugem asiática nas lavouras.
A determinação do TJMT ocorreu em setembro. Na decisão, o órgão suspendeu os efeitos de uma portaria do Ministério da Agricultura que autorizava o plantio até o dia 03 de fevereiro. Com o novo entendimento, o período permitido para o cultivo volta a ser de 16 de setembro até 31 de dezembro.
“Esse período de setembro a dezembro é um período que o índice de ferrugem asiática é muito alto para nós. Então, no caso de fazer os 5%, que é permitido para a gente poder salvar essa semente, fevereiro é muito melhor”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Marcos Bravin no episódio 56 do Patrulheiro Agro.
Bravin comenta que em sua propriedade já chegou a efetuar até 10 aplicações de fungicidas contra a ferrugem asiática em áreas semeadas até dezembro.
Pesquisas comprovam possibilidade de plantio
“Há dois anos se chancelou a data de plantio em Mato Grosso. O estado, através do governador Mauro Mendes, do próprio Indea, deu a palavra para os produtores, porque os argumentos técnicos e pesquisas científicas comprovaram que atende ao pequeno produtor sem prejuízo nenhum para efeito de patologia”, destaca o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore.
Segundo Cadore, a decisão da Justiça coloca o produtor que havia se programado em uma situação delicada.
Produtor em Primavera do Leste, Cristian Willy Braun lembra que mesmo plantando até 03 de fevereiro, a soja é colhida antes do vazio sanitário iniciar.
“No plantio de fevereiro a gente preserva as moléculas dos fungicidas. O que no caso de dezembro não ocorre. A gente acaba fazendo 11, 12 aplicações, expondo as moléculas ao fungo e isso causa resistência”, frisa Braun.
Sementes salvas de soja auxiliam a reduzir custos
A família Ferrari produz em Primavera do Leste cerca de 100 toneladas de sementes de soja a cada safra em uma área de 50 hectares. Ary José Ferrari comenta que a semente produzida na propriedade auxilia na redução de custos.
“Com a semente aqui nós economizamos uma quantia mais ou menos do óleo diesel, que gastamos na fazenda”, diz Ary José.
De acordo com Marciano Ferrari, foi realizado um investimento na propriedade para a construção de uma câmara fria para armazenar as sementes próprias. “Vale a pena, porque você tem uma semente boa, de qualidade, só para uso próprio”.
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