
Mato Grosso registrou uma queda expressiva de 71% na área queimada até agosto de 2025, mas pesquisadores e organizações que atuam na gestão territorial alertam: o sucesso em conter grandes incêndios no próximo ciclo climático dependerá do planejamento e das ações de prevenção estabelecidas agora, durante o período chuvoso. A redução demonstra a eficácia de ações coordenadas, aliando fiscalização, combate ao desmatamento e a diminuição da ação humana como agente iniciador, mas o desafio persiste, exigindo o fortalecimento de práticas como o Manejo Integrado do Fogo (MIF).
Segundo análise do Instituto Centro de Vida (ICV), o estado acumulou 859,5 mil hectares queimados até 31 de agosto de 2025. O número representa um contraste acentuado com 2024, quando mais de 3 milhões de hectares haviam sido atingidos no mesmo período. O resultado está associado a fatores combinados, como condições climáticas mais favoráveis, reforço da fiscalização ambiental e enfrentamento do desmatamento ilegal, prática geralmente seguida por queimadas.
Apesar do balanço positivo, a distribuição e a temporalidade do fogo revelam novos desafios para a gestão em Mato Grosso: a Amazônia (457,2 mil hectares) e o Cerrado (396,4 mil hectares) foram os biomas mais afetados. Além disso, 59% das ocorrências foram registradas durante o período proibitivo, sinalizando a necessidade contínua de fortalecer ações de prevenção, monitoramento e orientação sobre o uso do fogo. É neste cenário que o Manejo Integrado do Fogo (MIF) ganha urgência, segundo a The Nature Conservancy (TNC).
Prevenção começa na estação úmida
O MIF, explica a TNC, propõe uma mudança de paradigma, integrando ciência, conhecimentos tradicionais, planejamento territorial e ações preventivas. O objetivo da abordagem é tornar as paisagens mais resilientes, tratando o fogo não apenas como ameaça, mas como uma ferramenta de manejo ambiental e cultural.
Entre as técnicas utilizadas estão queimas prescritas e preventivas, monitoramento de combustível vegetal, fortalecimento de brigadas e envolvimento comunitário. A lógica é clara: o uso planejado do fogo, em condições adequadas, diminui o material inflamável disponível e reduz significativamente a probabilidade de incêndios de grandes proporções. Esta estratégia já é aplicada com sucesso em contextos como o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e em outros territórios que incorporam o uso ecológico do fogo em suas práticas.
O período úmido que se inicia agora é, portanto, decisivo. É neste intervalo de menor risco de propagação que se realizam atividades cruciais para a prevenção de 2026: avaliação do acúmulo de biomassa, reestruturação de brigadas, definição de áreas prioritárias e construção de acordos sobre o uso do fogo. “Em outras palavras, a prevenção dos incêndios de 2026 começa agora, no início da estação chuvosa”, diz a TNC.
Depois de registrar uma queda expressiva na área queimada, o momento é de consolidação das práticas de prevenção. A oportunidade de manter os bons resultados é grande, especialmente porque o estado possui um Comitê Estadual de Gestão do Fogo, com ações e recursos dedicados à agenda.
A análise da The Nature Conservancy (TNC), organização que atua na gestão territorial, aponta um caminho: “Mato Grosso têm a oportunidade de consolidar práticas de prevenção baseadas em ciência, integração territorial e valorização de técnicas já utilizadas com sucesso no país”.
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