O leite sempre foi o carro-chefe na propriedade do produtor Altemir Folgiarini, em Campo Verde (MT). Mas, de uns três anos para cá, o produtor decidiu incorporar uma segunda atividade na fazenda e encontrou na ovinocultura a melhor opção. A atividade, mesmo com as dificuldades de comercialização, representa cerca de 25% da receita do local.
A propriedade foi adquirida em 2008. No local, que estava abandonado na ocasião, não havia sede e nem estrada. A área total é de 510 hectares, dos quais cerca de 320 hectares são áreas de reserva.
No restante da área, 140 hectares são arrendados para um agricultor vizinho e o resto fica dividido entre a sede, as áreas de pasto e as instalações que atendem a pecuária leiteira e a ovinocultura, novo xodó da família Folgiarini.
A ovinocultura, conta Altemir Folgiarini ao programa Senar Transforma desta semana, surgiu com o intuito de ser uma segunda atividade para que pudessem utilizar os equipamentos já existentes no local e também para suprir a receita nos momentos difíceis da cadeia leiteira.
A atividade que no início era como “brincadeira”, acabou sendo vista com outros olhos após a família receber o convite de uma cooperativa de ovinocultores, que estava sendo criada na região.
“Só que não tínhamos estrutura alguma. A dificuldade maior foi começar a adaptar a estrutura que tínhamos para os ovinos. A cerca que segura vaca, não segura ovelha. Nós tínhamos que começar por aí”, comenta Altemir.
Auxílio do Senar MT que veio do céu
Diante dos desafios, o produtor procurou o Senar Mato Grosso e entrou para a lista do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), que usa o conhecimento como ferramenta para transformar vidas e realidades.
A ATeG Ovinocultura foi criada há pouco mais de dois anos pelo Senar Mato Grosso. A primeira turma, inclusive, foi formada em Campo Verde, conforme o gerente do Sindicato Rural do município e mobilizador da entidade de capacitação, Adair Hanzen.
“Campo Verde é uma região que tem bastante sulistas e esse pessoal saiu na frente e se organizou. Criaram uma cooperativa e logo em seguida o Senar criou essa cadeia produtiva de ovinocultura”.
O atendimento aos produtores é realizado durante três anos e inclui assistência técnica e gerencial.
O número de produtores assistidos na primeira turma, que começou com 22, saltou para 29.
“Hoje nós temos a técnica do Senar que nos dá apoio uma vez por mês. Ela nos dá todas as diretrizes de manejo e nutrição. E por aí a gente vai aprendendo, vai manejando e estamos solucionando”, pontua Altemir.
Estratégias e dedicação do produtor
A técnica de campo da ATeG do Senar Mato Grosso, Suellem Zanin, é a responsável por auxiliar a família Folgiarini. O aumento gradativo do plantel de matrizes ficou mais criterioso, priorizando a qualidade genética e a raça dos animais (Dorper e Santa Inês).
Além do melhoramento genético, a técnica recomendou à família a implantação do sistema de monta, possibilitando o escalonamento da produção.
“Hoje com a nossa quantidade de matrizes nós conseguimos trabalhar com quatro lotes de produção e conseguimos uma produção anual maior. Então, o ano inteiro temos tanto cordeiro para engorda quanto cordeiro nascendo”, pontua ela ao Senar Transforma, programa do Canal Rural Mato Grosso.
Aos poucos a ovinocultura tem mudado o cenário na Fazenda Nova Canaã. O terreno hoje revirado indica que obras de ampliação são realizadas. Tudo construído pelas mãos do produtor Altemir e de seu filho João Victor, seu braço direito e que já incorporou uma das características do pai que é a exigência pelo capricho na hora de exercer qualquer função.
“[São] estratégias que vão facilitar a mão de obra dentro da propriedade. É fundamental [esse rigor que vem da família], porque otimiza o tempo do produtor. Ele pode fazer outras atividades e, também, otimiza os processos. A alimentação chega mais rápida ao animal, a sanidade consegue ser mais visualizada”, destaca a técnica de campo da ATeG do Senar Mato Grosso.
Outra estratégia adotada na propriedade foi a produção da ração para os animais no próprio local.
Futuro é considerado promissor
Quase dois anos e meio após o primeiro atendimento da ATeG, a ovinocultura na fazenda mudou muito. A produção de carne, por exemplo, fechou o ano passado com alta de 38% em relação a 2022.
E este é apenas um dos números que mostram a nova realidade no local. De acordo com a técnica de campo da ATeG do Senar Mato Grosso, com os trabalhos realizados neste meio tempo, se conseguiu aumentar o plantel de matrizes de aproximadamente 30 fêmeas para 130. Além disso, outras 80 fêmeas são tidas como aptas para se tornarem matrizes.
A propriedade conta também com quatro machos P.O. (Puro Origem) com registro e genética selecionada.
“Nós já produzimos em 29 meses de ATeG aproximadamente 400 cordeiros, tendo duas estações de monta e zero de mortalidade. Tudo isso fruto dessa dedicação do produtor”, frisa Suellem.
E o que antes era apenas uma “brincadeira”, hoje virou uma atividade lucrativa para a família do senhor Altemir. Segundo ele, atualmente a ovinocultura representa entre 20% e 25% da receita da propriedade.
“Não vai demorar muito tempo, ela vai se tornar a principal atividade da fazenda. Ela vai superar a produção de leite na parte da lucratividade”, diz o produtor.
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