A pandemia da Covid-19 mudou a vida de muitas pessoas e continua mudando. Assim é com o ex-professor Abrelino Carlos Tenedini, o ‘seo’ Caju, que trocou a sala de aula pelo campo e fez do lugar de descanso da família uma fonte de renda.
É na rodovia estadual MT-251, na Comunidade do Rio dos Peixes, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, que está localizada a Chácara Seu Caju. Adquirida há 15 anos, a propriedade foi o refúgio do produtor e da família quando o mundo se viu em meio a pandemia.
A previsão, segundo ‘seo’ Caju, era ficar no local entre um e dois meses. “Acabamos ficando três anos e aí tinha que desenvolver alguma coisa para subsistência, como renda familiar. Foi aí que comecei esse trabalho. Então a pandemia nos trouxe para a chácara”, conta o produtor ao Senar Transforma desta semana.
Formado em quatro faculdades e com mestrado, o hoje produtor comenta que sempre gostou da terra.
“Então, para mim foi uma questão parece natural. Nós precisávamos criar uma renda e a chácara nos possibilitou ao menos pensar e planejar uma renda”.

Conhecimento que transforma
Inicialmente, ‘seo’ Caju mexeu com mudas de plantas, mas diante da mudança da estrutura financeira causada pela pandemia às famílias, migrou para a produção de hortaliças.
Como o solo da chácara é uma piçarra, o produtor pensou na hidroponia. “Mas, quando eu comecei a estudar hidroponia eu vi que não era o que eu queria. Aí eu comecei a buscar conhecimento, informação e falei que ia trabalhar orgânico no solo para ser um diferencial desde o princípio”.
E a busca de conhecimento acabou levando o produtor até o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Senar Mato Grosso, com foco em olericultura.
“O ‘seo’ Caju chegou com esse desafio para a gente de produzir hortaliças numa terra de piçarra. Encontramos a realidade de um solo muito raso, com baixo teor de matéria orgânica, um solo ácido e baixo em nutrientes”, frisa o técnico de campo Fábio Augusto Bardusco.
Segundo o especialista, primeiro foi realizada uma análise de solo na chácara e em seguida buscou-se formas de como construir esse solo para assim, também, conseguirem cumprir o segundo desafio: o de produzir de forma orgânica.
“E aí fomos trabalhar com a compostagem, os microrganismos e os pó de rochas”, salienta Fábio.

Disciplina que transforma a prática
Para construir o solo não basta apenas ter elementos, é preciso disciplina e estar sol a sol transformando em prática essa construção do solo.
De acordo com o produtor, até chegar aos canteiros que possui hoje foi muito trabalho.
“No dia a dia plantei muitos canteiros e arrancava. Plantava, ficava uma, duas semanas e se não desenvolvia eu arrancava. Hoje, quando eu planto a alface, eu a vejo desenvolvendo, ela sadia, com exuberância de força. E, todo esse fato, a força física é o conhecimento. O conhecimento é fantástico”.
A horta do ‘seo’ Caju é uma verdadeira variedade de folhas. Entre elas estão a alface, rúcula, agrião e o almeirão que ele comercializa para restaurantes da comunidade Rio dos Peixes e moradores locais.
“Está produzindo bem. Orientado pelo Fábio do Senar, hoje eu tenho esse conceito com muita gratidão. O solo para mim é um organismo vivo. Hoje eu posso dizer que o solo está equilibrado e produtivo. Você vê que a alface, o almeirão, a couve têm cor e tem saúde”.
Os próximos passos para o futuro é conseguir o selo de produção orgânica para poder ampliar o mercado da produção.
Questionado sobre a geração de renda, o produtor frisa que “está no caminho” e que, além do selo de orgânico, pretende ter uma produção de folhas para o período das chuvas.
“O meu objetivo não é fazer aquela grande produção, mas é fazer uma produção que me dê uma subsistência, qualidade de vida, que eu possa dignamente estar vivendo sem perder a qualidade do meu produto”.
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