SENAR TRANSFORMA

Em apenas dois anos, produção de leite cresce mais de 40 vezes em sítio de Mato Grosso

Em meio aos desafios de uma atividade desconhecida, a produtora conseguiu elevar a produção 17 litros diários de leite para 720 litros

A produção de leite em um sítio de 22 hectares em Alto Paraguai transformou o local há cerca de quatro anos. A captação diária que no início era de 17 litros passou para 720 litros, após muita persistência e a busca por conhecimento.

Quem vê hoje a produtora Sirlene Freire de Carvalho na lida com o rebanho e administrando a propriedade que adquiriu no município, não imagina que faz pouco tempo que ela deu os primeiros passos no mundo rural.

Nascida em Itaituba, no Pará, Sirlene se mudou para Mato Grosso com o sonho de construir a própria história no campo, trazendo nas malas a coragem de mudar de vida e embarcar numa nova jornada.

No Pará, Sirlene conta no programa Senar Transforma desta semana que era cozinheira. “Então foi tudo novidade”.

Desafios geram substituição de atividade

E quem encara algo novo precisa superar desafios, muitas vezes só descobertos na prática do dia a dia. No caso da Sirlene, uma das barreiras foi a falta de capital de giro para tocar a pecuária de corte, primeira atividade implantada no sítio, que não demorou muito tempo para ser substituída.

“O pequeno produtor quando vem para a pequena propriedade ele tem que ter lucro. Se ele não tem lucro, ele não consegue manter a propriedade. A gente tinha gado de corte e ele são nove meses de vaca prenha, mais nove meses para você ter um retorno que não é grande”.

De acordo com a produtora, foi na bacia leiteira que ela viu um retorno “rápido” e “imediato”. Ela conta ao programa do Canal Rural Mato Grosso, que a troca de atividades demorou seis meses.

A mudança de foco também esbarrou em alguns obstáculos. Entre eles, o desempenho da vacada, que deixava muito a desejar.

“Começamos com 20 animais, 17 litros. Nem todas pariam junto com a inseminação. Não conseguia mantê-las com esse leite”.

Ajuda para os primeiros passos

Outra dificuldade enfrentada por Sirlene era a falta de experiência com a pecuária leiteira. Ela não sabia nem como ordenhar as vacas.

A solução encontrada por ele foi buscar a ajuda de um casal de vizinhos e como forma de pagamento dividia a produção de leite.

“Ela pediu para ajudarmos ela e viemos. Não tinha barraco, não tinha nada. Era um curralzinho de arame. E logo ela foi se desenvolvendo e foi aumentando aos pouquinhos e hoje está aí”, recorda Laurice Júlia Araújo.

Outra ajuda recebida por Sirlene foi do Senar Mato Grosso por meio do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Leite. A chegada do técnico de campo Josué da Silva Lima foi a chave que a produtora precisava para a grande transformação do sítio.

Josué comenta que quando chegou há pouco mais de dois anos na propriedade o cenário era de uma produtora com “vontade de querer estar na atividade e alavancar a atividade”. Porém, existiam falhas para serem corrigidas e atrapalhando a realização do sonho de Sirlene.

“Quando iniciamos ela estava com 17 litros de leite. Com muita vaca e pouco leite. O primeiro passo que falei para ela era que o leite precisava de três bases: nutrição, manejo e genética. Sem uma dessas três bases o produtor não tem um retorno adequado para viabilizar a atividade”.

Produção de leite cresce mais de 40 vezes

Diante das orientações, do planejamento e do investimento gradativo no melhoramento do rebanho leiteiro, o sítio de 22 hectares em Alto Paraguai ganhou novos ares.

“E com isso a ATeG me tirou do escuro e esclareceu a minha ideia, porque o pequeno produtor não precisa de uma vaca de baixa produção. Mesmo que você mantenha uma vaca de 30 litros, você mantém uma de sete litros. Então a gente começou a trocar. Quando vemos o retorno a gente anima. Abre uma luz no fim do túnel”, diz Sirlene.

Com as mudanças, técnico e produtora começaram a estabelecer metas. A primeira foi alcançada apenas seis meses após o início dos atendimentos da ATeG, que era chegar a 200 litros.

A nutrição dos animais também passou por melhorias com o emprego do volumoso empregado, especialmente na época da seca.

Já para melhorar o manejo, a estratégia foi investir na estrutura do sítio. Uma das aquisições foi a ordenhadeira mecânica, que otimizou o serviço e ajudou a ampliar os resultados.

Com a substituição das vacas de baixa lactação para vacas de maior lactação e melhor genética, além das melhorias na nutrição e no manejo, que possibilitou duas ordenhas por dia, a produção de leite saltou de 17 litros por dia para 720 litros.

Todo leite produzido no sítio é vendido para um laticínio da região, que paga em média R$ 2,25 por litro. Numa atividade em que cada centavo é importante, o controle das despesas e das receitas é minucioso, também seguindo as orientações do programa de assistência técnica e gerencial do Senar.

Determinação é a chave do sucesso

Questionada sobre o resultado, Sirlene credita as mudanças no sítio decorrem de “esforço” e “determinação”.

“É aí que está a chave do negócio. Tudo você tem que fazer conta. O produtor de leite trabalha com centavos. Se diminuir um centavo no litro de leite você já vê uma quebra bem alta no fim do mês. Se você conseguir manusear na bacia leiteira essa chave o sucesso vem”.

Segundo o técnico de campo da ATeG Leite do Senar Mato Grosso, o planejamento traçado para 2025 é chegar a uma produção de 1,5 mil litros de leite por dia a dois mil litros. Além disso, melhorar um pouco mais na estrutura da propriedade, no sistema de manejo e fazer uma fossa para os dejetos do curral para usá-los como irrigação de pastagem, visando a redução de custos com adubação.

“E ela consegue, porque é uma pessoa decidida e ela investe em conhecimento”, frisa Josué.

Sobre o futuro, Sirlene ressalta acreditar que pode chegar a uma produção de dois mil litros de leite por dia. E que para isso conta com a “genética, manejo e força de vontade”.

“Com determinação você chega em qualquer lugar. O meu sonho não é só para mim. É para os vizinhos também. Eu tento puxar eles também. O Senar se a gente quiser ele traz o conhecimento. Ele não vai te falar ‘pega essa vaca e vai lá’. Ele vai te mostrar o conhecimento para você buscar”.

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