Um sonho de vida que se tornou realidade. É assim que o apicultor Antônio Agencio Pereira vê a sua vida hoje no Sítio Paraíso, em Jaciara. Com conhecimento e empenho, em pouco mais de 30 meses, ele conseguiu dobrar o número de enxames e triplicar a produção de mel, que foi recorde em 2024.
“Seo” Antonio tinha um desejo antigo de viver no campo em meio à natureza. A propriedade de seis hectares é arborizada, muito bem cuidada e acolhedora.
“Paraíso real é só no céu, mas Paraíso aqui é o nome desse sítio. Paraíso porque é um lugar que preenche todas as minhas necessidades e o qual eu procurei trabalhar na apicultura. Então, é um nome sugestivo”, explica o produtor de mel ao Senar Transforma desta semana.
A realização do sonho começou em 2009 quando ele e a esposa adquiriram a terra. A mudança definitiva do casal para o local ocorreu em 2015, quando o experiente representante comercial e ex-gerente de supermercado deu os primeiros passos na apicultura com o apoio da família e de um senhor chamado Edson, que compartilhou seu conhecimento com ele e outros apicultores do município.
“Eu sempre fui apaixonado por esse inseto. E essa área aqui é propícia”, frisa ele.
Conhecimento é a essência do negócio
O Senar Mato Grosso chegou no Sítio Paraíso em junho de 2022, de lá para cá as orientações técnicas e gerencial do técnico de campo do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Apicultura, Marcos Aurélio, foram colocadas em prática.
As orientações da ATeG são levadas aos produtores durante 36 meses, com uma visita mensal de aproximadamente quatro horas. Nela, explica Marcos ao programa do Canal Rural Mato Grosso, o técnico tenta proporcionar ao produtor uma equalização em que se mescla a parte técnica e o gerencial.
“O gerencial te mostra, através de números, indicadores, se aquela atividade está sendo lucrativa, o quanto de lucrativo está te retornando ou se está dando algum prejuízo. Damos a instrução toda, os procedimentos operacionais, os manejos a ele são ensinados de forma que ele se profissionalize e tenha um resultado bom que é a produtividade”.
Na propriedade do “seo” Antônio entre as recomendações repassadas pelo técnico do Senar Mato Grosso estava a padronização das caixas com o chamado espaço abelha, para que os insetos pudessem percorrer de um quadro para o outro.
Também foi orientada uma melhora na troca da cera das caixas e o reforço na alimentação das abelhas.
“A apicultura se você trabalhar o tripé que é manejo de troca de rainha, troca de cera e alimentação artificial, você consegue ter o mínimo de resultado possível. Ou seja, você consegue uma rentabilidade de 15 quilos. Isso levando em consideração o pasto apícola, que é o mapeamento floral que tem naquela região onde o apiário está instalado, que são as árvores que tem potencial melífero ou que produzem pólen”.
Outra orientação que fez a diferença, reduzindo custos e otimizando o tempo do produtor de mel, foi a maneira de resgatar os enxames. Hoje, “seo” Antonio resgata as abelhas e leva direto para o “berçário” até chegar no tempo correto para que as mesmas sejam transladadas para o apiário definitivo.
Diálogos que auxiliam na produção de mel
Durante as visitas ao Sítio Paraíso não faltam diálogos entre o profissional do Senar e o apicultor. Eles trocam informações sobre os avanços obtidos e os desafios enfrentados no dia a dia da atividade.
E em época de colheita, o mel retirado das colmeias é levado para um espaço construído pelo “seo” Antonio, onde o produto é processado, beneficiado e armazenado. A cada ano o volume tem aumentado, comprovando o resultado de sucesso da parceria.
Em junho de 2022 quando o Senar Mato Grosso chegou na propriedade, o local contava com cerca de 30 enxames, que juntos produziram em torno de 400 quilos naquele ano. Hoje são 75 caixas e com o conhecimento adquirido ao longo do tempo e, consequentemente, um manejo mais assertivo no campo, a produção em 2024 atingiu recorde.
“A gente chegou a 1,5 tonelada de mel. Para nós é um recorde muito grande”, comemora o produtor de mel.
E a procura pelo mel produzido no Sítio Paraíso é grande. O produto vai para clientes de Jaciara e outros municípios.
O produtor comenta que os preços variam de R$ 20 na bisnaga de 200 gramas a R$ 70 o quilo. “Então é muito produtivo”.
E, falando em números, a gestão da atividade também melhorou com o apoio técnico e gerencial do Senar Mato Grosso. O controle de despesas e receitas passou a ser mais rígido e detalhado, condição fundamental para que a análise possa ser feita corretamente.
“Se você não coloca na caneta, você não consegue. Se trabalhar adequadamente, corretamente e junto com a assistência não tem erro. O lucro é certo”.
Sítio modelo através do mel
Para o futuro no Sítio Paraíso, de acordo com o técnico de campo da ATeG Apicultura do Senar Mato Grosso, Marcos Aurélio, a melhoria da genética dentro do apiário está entre as metas.
Das 75 caixas que o “seo” Antonio possui hoje, cerca de dez estão no Sítio Paraíso. As demais estão em áreas de outros produtores que permitiram a instalação dos apiários.
“A gente aprendeu muito com o Senar a divisão de enxames. Se você tem cinco enxames e quando o enxame está pronto para dividir, você pode fazer dez. De dez você pode fazer 20… E isso a ATeG do Senar nos trouxe esse conhecimento que a gente não tinha”.
Entre os sonhos do casal, destaca a apicultora Aldanete Campos Pereira, está a conquista do selo de qualidade e a ampliação das vendas para outros municípios.
E para isso, a expansão dos apiários deve seguir em curva crescente. O “seo” Antonio revela para a reportagem do Canal Rural Mato Grosso que uma outra área foi adquirida pelo casal e que em sua mente já vislumbra uma plantação da Acácia, uma espécie de árvore muito utilizada para a produção de mel.
“Além de dar uma florada muito boa, ela solta um néctar nas suas folhas, que eu penso de uma forma que vai ser um sítio modelo para a apicultura não só no município de Jaciara, mas no estado de Mato Grosso. É um investimento a longo prazo. Lógico que hoje eu estou com 60 anos, mas a gente não pode perder a esperança. E eu reflorestar aquilo ali com Acácia vai ser um sonho e vai me dar em média de três mil a quatro mil quilos de mel por ano só naquele sítio”.
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