Quem chega ao sítio Santa Luzia, em Campo Verde (MT), encontra dois símbolos de momentos diferentes do local. De um lado, as ruínas de um antigo e abandonado barracão de aves. Do outro, a placa do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso, que sinaliza a construção de um futuro mais próspero na propriedade, hoje focada na criação de peixes. A piscicultura, vista inicialmente como uma alternativa para o Ernani Pacheco, tornou-se o principal motivo de esperança para o produtor.
Ernani possuía no sítio entre 14 mil e 16 mil aves de corte. Mas, após o fechamento do frigorífico ao qual era integrado, ele começou a buscar alternativas para suprir a renda da família, que antes era baseada na atividade anterior.
Hoje, a piscicultura é a principal aposta e o sonho de que dela saia a renda da família.
“Quando se trata de pequena propriedade, a gente não consegue trabalhar com determinados projetos que exigem escala. E a piscicultura encaixa muito bem para nós, desde que tenha disponibilidade de água. E já era um sonho, uma vontade minha e da família pelo terreno que tínhamos, pela disponibilidade de água em gravidade”, conta Ernani ao programa Senar Transforma desta semana.
Sustos que viram aprendizados
A construção dos primeiros tanques escavados começou em 2020. O processo foi gradativo e escalonado. O sítio conta hoje com oito tanques, além de um reserva para o acúmulo de água.
Ernani comenta que o enchimento dos tanques ocorre gradativamente, por sessão, para poder observar um a um.
Mas, para chegar aos resultados que hoje estão sendo colhidos, o produtor passou por alguns contratempos. Entre eles um que quase acabou com os seus planos.
“Foi um susto. A gente tem aquela expectativa de ter os tanques cheios e em uma semana começou a baixar e eu não tinha energia elétrica aqui neles. Só na água da gravidade. Começou a baixar por infiltração”.
Diante da situação, o produtor foi buscar ajuda de especialistas e máquinas para que pudesse fazer novamente a compactação do solo.
“E agora está começando a brilhar novamente”, diz Ernani.
Uma das ajudas buscadas foi do Senar Mato Grosso, através da ATeG. O piscicultor conta com o auxílio do técnico de campo Renan de Miranda Marcello, que hoje atende 30 propriedades no município com visitas mensais.
Renan chegou ao sítio Santa Luzia há pouco mais de dois anos e, segundo ele, já havia benfeitorias feitas no local voltadas para a atividade.
“Depois com o auxílio do Senar o produtor começou a construir e se profissionalizar cada vez mais. Fizemos todo um processo de reconstrução do tanque, porque ele tinha problema de infiltração de água. Hoje, o Ernani capta por gravidade e por mais um ponto outorgado do rio. Então, temos dois abastecimentos”.
Nos tanques que já estão cheios a produção é de tambatinga, uma espécie mais rústica, que se enquadra no grupo de peixes redondos.
De acordo com o técnico da ATeG, do Senar Mato Grosso, além do trabalho para solucionar os problemas de infiltrações, outros foram realizados no sítio voltados para a qualidade da água, correção do Ph, alcalinidade, oxigênio, amônia, nitrito, bem como a parte gerencial e de alimentação dos peixes, que varia de quantidade de vezes ao dia e percentual de biomassa conforme a idade dos mesmos.
“O pessoal, de uma maneira geral, acha que só porque peixe vive na água pode colocar grandes quantidades. Só que não. Como qualquer animal confinado precisa ter um limite para ter um retorno economicamente viável. Então, trabalhamos com o Ernani para que ele tenha o máximo de retorno e explore o máximo da sua área”.
Dever herdado de filho para pai
O sítio Santa Luzia fica em Campo Verde, mas Ernani precisou em meio a tudo isso buscar uma alternativa de fonte de renda para a família. Formado em técnico agrícola e acadêmico de agronomia, ele passou a prestar serviço de assistência técnica em lavouras e hoje trabalha em propriedade na região de Sinop e Marcelândia.
O sítio, enquanto ele não retorna, está sob os cuidados de seu pai Ênio Pacheco, que leva ao pé da letra as orientações do filho e do Senar Mato Grosso.
“O senhor Ênio é um ser humano ímpar, que chegou na hora certa. E com esse trabalho que a gente vem desenvolvendo há um certo desafio de passar essa linguagem técnica para ele, que é uma pessoa do campo, bem humilde e como não é familiarizado com os números a gente escolhe outras vias para estar transmitindo e levando esse conhecimento”, pontua Renan ao Senar Transforma.
Há pouco mais de um ano no sítio, o senhor Ênio, de poucas palavras, conta à reportagem do programa do Canal Rural Mato Grosso, que está muito feliz e gostando de estar trabalhando com algo que nunca havia mexido.
Mais do que treinamentos
Mais do que treinamentos, capacitação e formação de mão de obra, os trabalhos desenvolvidos pelo Senar Mato Grosso vez a cada ano crescendo e desenvolvendo ações voltadas para a assistência técnica e gerencial.
“Esse técnico tem condição de atuar, principalmente, focado na parte de gerenciamento e gestão, proporcionando a possibilidade de gerar receitas, redução de custos e aumento da tecnologia e assim por diante”, frisa o supervisor regional do Senar Mato Grosso, Hatylla Marques.
Em Campo Verde, assim como o Ernani, existem muitos produtores buscando a orientação técnica e gerencial para sonhar com um futuro melhor no agro.
“Hoje nós temos seis cadeias com sete frentes. Iniciamos por volta de 2019 com a primeira assistência técnica na parte de olericultura e quando vimos essa adesão dos produtores buscamos outras cadeias. Vários produtores buscam a gente. Então, é muito bom quando dá certo”, salienta Adair Hanzen, gerente do Sindicato Rural de Campo Verde e mobilizador do Senar Mato Grosso.
Em Campo Verde 184 propriedades são assistidas pela ATeG do Senar Mato Grosso, o que, de acordo com Adair, vem proporcionando, inclusive, empregabilidade na região.
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