SENAR TRANSFORMA

Com apoio técnico, casal triplica renda em meio hectare de hortaliças

Sítio está localizado na comunidade quilombola de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento

Localizado a cerca de 50 quilômetros de Cuiabá, capital de Mato Grosso, o Sítio Shekinah é uma das maiores vitórias do casal Alediane Kelly e Euzébio Dias. Com orientação certa e, claro, o empenho dos agricultores, a renda com a produção de hortaliças triplicou, tornando a atividade o carro-chefe do local.

O sítio está localizado na comunidade quilombola de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento. Foram anos de espera até que o casal descendente de escravos conquistasse o direito de viver e trabalhar na terra pela quanto tanto batalhou.

A batalha, relembra ‘seo’ Euzébio, teve início em 1994. “A gente vinha brigando pela conquista da terra e aí conseguimos definitivamente em 2010”.

Ao programa desta semana do Senar Transforma, o produtor conta que inicialmente o sítio iria de chamar “Vitória”, contudo já existiam outros na região com o mesmo nome. A escolha por “Shekinah” veio de uma pesquisa na Bíblia, onde viu que na linguagem árabe significava “Vitória”.

“Shekinah é vitória. É a conquista que nós tivemos pela terra. Nós trabalhamos muito, porque não foi apenas eu. Era eu, meu pai, meu tio… Para nós foi muito bom batalhar pela terra e conquistar ela”.

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Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Paixão pela terra que não se mede

A paixão do casal pela terra é visível nos olhos da dona Kelly, que sonha em seguir produzindo.

“Sempre tive vontade, um desejo de mexer na terra. Eu quero aumentar a minha produção, aumentar o meu desenvolvimento, o nosso trabalho aqui na nossa terra, de onde nós tiramos o sustento da nossa família”.

A vontade de expandir cultivando o solo demonstra a vocação do casal, que investiu em outras atividades antes de encontrar na olericultura a melhor opção.

Conforme ‘seo’ Euzébio, na propriedade já foram plantadas banana, mandioca e até mesmo abacaxi.

A área destinada para a produção de hortaliças ocupa cerca de 2% da área total da propriedade de 25 hectares.

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Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Entre os 25 canteiros existentes no local é possível encontrar uma diversidade de produtos, como couve, salsa, rúcula, alface americana, alface crespa, alface roxa, coentro, almeirão, alho, cebolinha, pimenta, pepino, entre outras opções.

A horta é o carro-chefe, mas o casal também diversifica com outras atividades, como gado de corte, frango caipira, peixe e pequi.

“Mas, tudo entra em complemento com a horta. Se eu vender um peixe, eu já vendo um tempero da horta. Se eu vender o pequi, eu já vendo a saladinha para acompanhar. Então, são vários complementos”, frisa dona Kelly.

O casal também trabalha com polpas de frutas e agora, segundo a produtora, ela está na agroindústria local, onde estão fazendo conservas.

“Nós vamos estar produzindo e dessa produção se estiver passando vamos lá e fazendo a conserva para oferecer aos nossos clientes e amigos”.

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Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Questionada sobre qual atividade das desempenhadas no sítio escolheria para ser a única do local, a produtora é enfática: “Hortaliças da Kelly”.

“É maravilhoso. Falar da horta é minha vida. É minha paixão. É meu sonho, uma conquista. É amor”.

Virada de chave com conhecimento

A produção de hortaliças inicialmente era apenas para o consumo próprio da família. O potencial de venda foi enxergado após fazerem um curso do Senar Mato Grosso voltado para a produção de hortaliças, onde foi oferecido a assistência de um técnico de campo do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).

A produtora conta ao programa do Canal Rural Mato Grosso que de início ficou pensativa se aceitava a ajuda ou não, pois sua horta era pequena.

“No passar do tempo eu aceitei. E essa assistência técnica me trouxe oportunidade. Oportunidade para aumentar a produção, a minha renda e oportunidades para a nossa família”.

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Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

A transformação no sítio teve início há pouco mais de três anos quando o casal abriu as portas para o programa do Senar Mato Grosso com foco em olericultura.

Nas visitas mensais o técnico de campo identifica o potencial e os pontos de melhoria na condução da atividade e junto com os produtores elabora estratégias e o planejamento para colocá-las em prática, conforme as condições e realidade do local.

De acordo com o técnico de campo, Marcus Vinicius de Miranda, que há cerca de dois meses orienta o casal, o ponto forte do Sítio Shekinah é a comercialização, uma vez que o casal possui desenvoltura para as vendas e, inclusive, fazem uso das redes sociais.

“É um ponto positivo, porque eles já colocam a sua produção direto no mercado agregando valor”.

O técnico de campo pontua que a produção da família está de forma regular, porém ainda há alguns pontos a serem melhorados, uma vez que a produção de hortaliças depende do fator climático, principalmente a questão da chuva. Entre tais melhorias está a cobertura dos canteiros e a rotação de cultura visando o controle de pragas e doenças.

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Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Outro passo é otimizar a produtividade do local sem aumentar a área, pois uma ampliação elevaria custos com mão de obra e investimentos.

“Otimizando os processos é possível aumentarmos a produtividade sem expansão da área”.

A produção hoje é comercializada através de entregas feitas pelo casal e também em feiras no município de Nossa Senhora do Livramento, Cuiabá e Várzea Grande.

“É maravilhoso. Praticamente a gente não faz feira. Eu chego lá e praticamente não fico a feira toda”, diz dona Kelly sobre o sucesso da sua produção.

E a receita para isso, afirma ela, é “amor”. “É você amar o que faz. É fazer com carinho, dedicação, tempo. É muito prazeroso”.

A chegada da ATeG “foi a chave” para o desenvolvimento, destaca ‘seo’ Euzébio.

“A vinda do Senar para cá foi de muita ajuda, muita conquista. Nós temos o apoio 100% do Sindicato Rural de Nossa Senhora do Livramento sempre oferecendo cursos para nós estarmos nos profissionalizando mais, crescendo, onde eu consegui aumentar a minha renda, minha produção. Até o meu estilo de vida”, completa dona Kelly.

Além das orientações focadas no campo, o casal aprendeu a gerenciar melhor a atividade.

“Cada visita é anotada. Com a assistência técnica a nossa vida mudou muito. Eu não tinha essa visão de futuro. Mas, com a assistência técnica, a nossa renda multiplicou três vezes. Não esperávamos. Foi até um susto”, diz a produtora.

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