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Produtores temem redução de produtividade no milho e algodão diante clima adverso

O clima adverso na região de Jaciara segue causando preocupação nos produtores de milho e algodão, uma vez que ameaça à expectativa de renda

As lavouras de milho e algodão segunda safra em Jaciara estão sofrendo com os impactos provocados pelo clima adverso na região. Após registros de “excesso” de chuvas entre março e abril, as altas temperaturas voltaram ameaçando à expectativa de produtividade, bem como de renda dos produtores.

Na propriedade do produtor Rogério Berwanger a chuva cortou no dia 17 de abril. Segundo ele, que nesta temporada plantou 1,3 mil hectares de milho, as lavouras apresentavam um bom desenvolvimento até a primeira quinzena de março. Entretanto, as chuvas “agressivas” no final de março e início de abril, somado aos dias nublados, começaram a trazer preocupações.

“Cortou a chuva para nós no dia 17 de abril e não choveu mais. Tinha milho que precisava ainda de uma ou duas chuvas para dar uma boa safra. Você abre a espiga, ela tem um padrão bom, mas não chegou à ponta dela. Isso é consequência. Vai afetar em menor produtividade. Eu acredito que em uns 10% a 15% a produção será menor em relação ao ano passado”, prevê o produtor.

Além da produtividade, o clima desfavorável no município da região sudeste de Mato Grosso também prejudicou os tratos culturais, aumentando a apreensão do agricultor em relação às doenças fúngicas e o enfezamento provocado pela infestação da cigarrinha do milho. Cenário, que de acordo com o produtor, pode aumentar ainda mais o prejuízo no milharal este ano.

Rogério Berwanger relata, à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, que chegou a ter semana que não conseguiu entrar na lavoura para realizar as aplicações, visto as chuvas.

“Já vínhamos no início com o percevejo barriga verde. Muito ataque com muita aplicação, e agora no final do ciclo com essa diplódia e enfezamento depois do milho pendoado. Uma coisa inacreditável. Surreal”.

O produtor comenta ainda que ao olhar a lavoura de milho hoje parece que foi passado dessecante. “Mas, na realidade são doenças que vem como consequência do excesso de chuvas no final do ciclo. Não vai colher uma safra cheia. E, ainda tem problema com o preço, que está a cada dia mais em queda. Então, não tem margem, não tem lucro. Infelizmente a próxima safra está condenada. Aqui na fazenda mesmo vamos ter uma redução de 20%, 25% no planejamento para a área”.

Na avaliação de Jorge Diego Giacomeli, diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), a situação observada de clima adverso na região está afetando tanto ao milho quanto as culturas de cobertura, que foram implantadas nas áreas para não ficar em pousio. Ele acredita que a produtividade deverá ficar abaixo das 100 sacas de milho por hectare, em decorrência disso.

“Sabemos que lavouras em que você colher 75, 80 sacas, 90 sacas no preço que está, não vai pagar a conta. O produtor vai tomar prejuízo grande nessas áreas”.

Oscilação do clima afeta o algodão

Os produtores de Jaciara também relatam apreensão quanto ao algodão segunda safra. Na Fazenda Santo Expedito, onde foram semeados 2,5 mil hectares com a fibra, se chegou a registrar um acumulado de 400 milímetros de chuva, aproximadamente, no início do ciclo e agora a lavoura sofre com a falta da água.

O técnico agrícola da propriedade Eden dos Santos Marinho comenta que por metro de algodão plantado ele deveria, ao se falar de padrão, estar com cerca de 90 maçãs. Entretanto, o número está entre 80, 83 maçãs por metro.

“Você olha a lavoura em si e ela está bem parelha, bem bonita. Mas, se você avaliar mesmo, tem uma perda significativa na parte de baixo da planta. Perda de 5% a 7% mais ou menos. A cultura do algodão não é uma cultura barata no final faz diferença essa perda que estamos tendo”.

Na propriedade vizinha o cenário não é diferente. O agricultor Murilo Degasperi Fritsch conta que chegou a chover na fazenda três semanas seguidas. “O algodão é uma cultura que não gosta de tempo nublado e de chuva. Então, comprometeu muito”.

Por ter sido um algodão plantado cedo, a expectativa de Murilo era de um “potencial produtivo altíssimo”. Entretanto, ele observou que em algumas áreas registrou médias de 30 a 35 maçãs por metro.

“Podre por conta da chuvarada. E, nisso, estimando uma perda de 60 a 70 arrobas por hectare. E, agora o tempo secou e não tem mais previsão de chuva. Esse sol e esse calorão comprometeram ainda mais o algodão. Por conta dessa perda no baixeiro esperava produzir mais no ponteiro do algodão. Você pega esse ano, custo altíssimo de produção, semente cara, adubo caro, químico caro. Você tem que produzir cada vez mais. Aí acontece esse problema climático, fica complicado. Não sabemos como vai ficar a conta no final”.

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