MAIS MILHO

Preço e desempenho das lavouras de milho frustram agricultores em Mato Grosso

Milho pode perder espaço na região sudeste na safra 2024/25 diante da desvalorização e produtividade no atual ciclo

A colheita da segunda safra de milho chegou a 89,96% da área total em Mato Grosso. Na região sudeste do estado, onde os agricultores já colheram 76% das lavouras, a desvalorização do cereal e o rendimento abaixo do esperado podem fazer a cultura perder espaço no ano que vem.

A região sudeste, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), por sinal, é a mais “atrasada” com os trabalhos com o cereal.

Em Primavera do Leste, o produtor Ary José Ferrari já concluiu a colheita dos 2.040 hectares de milho. Os trabalhos agora na fazenda Estrela estão com a atenção concentrada para a comercialização.

Ele espera negociar bem a produção para tentar garantir renda e também cobrir o prejuízo herdado da soja. Contudo, os preços observados hoje na saca de 60 quilos do milho têm frustrado as suas expectativas.

“Nós viemos de uma safra fraca de soja, que deu dez, 12 sacas a menos por hectare e o preço ruim. Esperávamos que o milho iria ser melhor e acabou não sendo. Os outros anos estava vendendo milho a R$ 70, R$ 80 e agora está R$ 37, R$ 40. Não paga a conta. Nós precisávamos que ele reagisse pelo menos uns R$ 10 a saca. De dois anos para cá o milho caiu à metade do preço. Não fecha a conta”, frisa Ary José ao Canal Rural Mato Grosso.

Ainda conforme Ary José, além do preço aquém do necessário para cobrir os custos, o desempenho da plantação também foi menor este ano.

“Dentro do investimento que nós fizemos para colher bem, deu um pouco menos do que o esperado. Deu umas 20 sacas por hectare a menos. As noites quentes não são boas para o milho. Então, acabou dando menos”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Safra de vários impactos

A preocupação com a segunda safra se estende para outros milharais do município, de acordo com o Sindicato Rural de Primavera do Leste. Por lá, pouco mais de 70% da área total já está colhida.

O gerente executivo do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Carlos Donin, comenta que a quebra em algumas propriedades vai variar de 10% a 20% nesta safra, inclusive naquelas que conseguiram semear dentro da janela ideal.

“Vários impactos ele sentiu. Começa pelos impactos climáticos, impactos de pragas e doenças, que vem acontecendo, e, principalmente, agora no fechamento a gente vê que o milho não maturou corretamente. Ele praticamente morreu. Chegou muito rápido o milho para colheita. Não está havendo alteração de preços no município em si”.

Conforme Carlos Donin, o cenário mostra que os produtores terão algum tipo de “problema” no fechamento de seus custos.

“Todo mundo colhendo menos e o mercado não mexe. O produtor tem procurado outras alternativas. Têm crescentes de feijão, arroz entrando mais no município e outras culturas que estão começando. Tem várias pesquisas para trazer novas culturas. Isso é bom. Começa a diversificar a nossa matriz, principalmente para rever a questão da produção de milho. Primavera vem se transformando em uma região produtora de sementes com a questão da área irrigada. E a migração de novas culturas de segunda safra é algo que temos tido com bastante crescimento por aí”, diz Carlos Donin ao Canal Rural Mato Grosso.

Cenário do milho se estende pela região

Em Jaciara a situação não é diferente. No município também há muitos agricultores decepcionados com as médias de produtividade alcançadas nos milharais na reta final da colheita.

Na propriedade do agricultor Rogério Berwanger as perdas chegam até 50 sacas por hectare em alguns talhões em comparação com o ano passado, cenário que, aliado a atual desvalorização do cereal, pode levar a área destinada à cultura a uma redução na próxima temporada.

“O planejamento é uma redução de uns 30% com relação à área, porque o preço está muito aquém do custo de produção. A gente tem uma relação de dez a 30 sacas a menos por hectare, vamos ver se conseguimos fazer umas 100 sacas de média. Muita doença foliar, enfezamento, percevejo barriga verde que atacou no início e estava difícil de controlar. E, o próprio clima também. Cortou a chuva de uma vez. Tem muitos talhões que nos surpreenderam com uma quebra de produção bem abaixo do custo de produção, bem abaixo do potencial do milho mesmo”, revela o agricultor.

Segundo o Sindicato Rural de Jaciara, a produtividade média final no município deve encolher cerca de 20 sacas por hectare em relação à safra passada.

Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, a expectativa é ter uma safra na maioria dos municípios próxima dos resultados obtidos na temporada 2022/23, contudo “algumas regiões isoladas vão ter perdas”.

“Tem um pouco de produtores reclamando de milho avariados nos primeiros milhos [colhidos]. Eram esperadas quebras maiores. A gente espera que no fechamento da safra os números sejam bons para o produtor começar a respirar um pouco melhor diante do que foram as perdas na soja”.

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