A moratória da soja e sua possível expansão para o bioma do Cerrado segue sendo vista com preocupação pelo setor produtivo de Mato Grosso e demais estados. De acordo com o vice-presidente da Famato e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, o potencial de crescimento de Mato Grosso, tanto produtivo quanto econômico, pode ser paralisado caso as imposições se perpetuem.
A moratória e os seus impactos para a soja e o milho foram tema do primeiro painel da Abertura Nacional da Colheita do Milho segunda safra, realizada em Nova Mutum, região médio-norte do estado, nesta sexta-feira (21).
O evento faz parte do projeto Mais Milho, realizado pelo Canal Rural Mato Grosso, em parceria com a Abramilho e a Aprosoja-MT, e que está em sua oitava edição.
“A moratória da soja é uma imposição ilegal e imoral. É uma arbitrariedade imposta para quem quer produzir. Nós temos que lutar, enquanto ela não está expandindo e indo para o Cerrado como já se está falando. Não podemos aceitar arbitrariedade dentro do nosso país”, disse Ilson Redivo.
Integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a deputada federal de Mato Grosso, Coronel Fernanda (PL-MT) destacou os trabalhos que estão sendo realizados quanto ao assunto, e segundo ela, é preciso que o diálogo avance e que os produtores participem.
“Dia 12 de julho vai ficar marcado para o agro brasileiro. Hoje, Nova Mutum não é atingida pela moratória, mas pode vir a ser se não cair. O produtor não é só terra. É 24 horas de trabalho. Os produtores rurais brasileiro são os maiores preservadores do mundo. Preservam 34% dentro das suas propriedades. E a moratória vem condenando o produtor a deixar a sua produção de lado, mesmo estando dentro da lei”.
Conforme o presidente da Famato, Vilmondes Tomain, é preciso união dos produtores, principalmente no que tange a moratória da soja. Em sua avaliação as consequências podem ser graves se ela persistir, além dos embargos que hoje já são vistos, suspensões de liberação de crédito.
“Hoje, já há empresas se negando a vender produtos para o produtor de Mato Grosso, do Brasil. O produtor precisa se unir”.
O presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Nilson Leitão, ressaltou que a “sustentabilidade é o desenvolvimento econômico e humano dentro do meio ambiente, onde todos podem se beneficiar”.
Resultados de aprendizados e lutas
Os resultados vistos hoje nas lavouras mato-grossenses e de outros estados, principalmente no que diz respeito ao milho, segundo os produtores, decorrem de muita luta e aprendizado.
“Até uns quatro anos atrás, quando esse evento foi feito em nossa propriedade, eu falava que logo nós atingiríamos 200 sacas de milho por hectare e é possível hoje. Temos tecnologia, solo, clima, semente. Temos tudo o que se pode fornecer. A parte técnica, máquinas. Tudo evoluiu”, pontuou o produtor de Nova Mutum, Gilberto Canepelle, durante o painel “Produtores de Referência”.
Presidente da Abramilho e produtor no Paraná, Paulo Bertolini, lembrou sobre a importância do armazenamento dentro das propriedades, em especial para o cereal, pois proporciona fôlego e abre possibilidades de conquistar novos mercados, além de segurança na realização de contratos de longo prazo com a indústria, e preservação da qualidade do grão.
Vindo do Rio Grande do Sul há 44 anos para Mato Grosso, Sinar Costa Beber ressaltou que para se ter sucesso é preciso também ter “planejamento”.
Segundo o vice-presidente da Aprosoja-MT, Luiz Costa Bier, a entidade possui algumas preocupações quanto ao milho, principalmente o clima e o preço, que não vem remunerando o produtor rural. Ele salientou que a Associação vem trabalhando para auxiliar o setor produtivo, em especial quanto a logística, que leva o cereal a perder competitividade.
Perspectivas para a safra 2024/25
Entre as maiores perspectivas para a safra 2024/25, tanto de soja quanto de milho, além de uma melhora nos preços, está o clima.
De acordo com o produtor mato-grossense Cristian Dalben, a colheita de milho está encerrando em sua propriedade nesta sexta-feira (21) e os números apontam uma quebra de 5% na produção.
“A produtividade não está como imaginávamos. Está fazendo muito calor. Esperamos um clima melhor para a próxima safra. Estou terminando a colheita hoje e vamos ter uma quebra de 5%, mas, estamos vendo outros produtores com 10%, 15%, até 20% a menos de produção”.
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