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Manejo do milho tiguera é importante para evitar ponte verde para a cigarrinha

Alerta aos agricultores neste início de safra é realizado por especialistas e lideranças do setor produtivo em Mato Grosso

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O combate a presença de plantas voluntárias de milho no campo é essencial neste início de safra para diminuir as chances de sobrevivência e multiplicação da cigarrinha. O alerta é feito por especialistas e lideranças do setor produtivo em Mato Grosso, uma vez que o inseto vetor de patógenos ameaça o desempenho das lavouras do cereal.

Os primeiros talhões de soja na propriedade do agricultor Vilmar Piazza, em Santa Rita do Trivelato, médio-norte do estado, já foram semeados. Segundo ele, apenas 170 hectares receberam as chuvas nos últimos dias.

O agricultor comenta que o acumulado o start na semeadura só foi possível pela extensão em questão ter registrado acumulado de quase 150 milímetros de chuvas.

“Mas, foi com muita preocupação, porque as previsões não são muito boas para normalizar essas chuvas. Demos o pontapé e paramos em seguida”, comenta Vilmar Piazza que prevê uma possível necessidade de replantio, caso a regularização demore.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Milho tiguera preocupa

Apesar da umidade do solo ainda não ser a adequada para garantir o desenvolvimento esperado da lavoura de soja, o que se registra já é motivo suficiente para despertar um alerta para a próxima temporada de milho, cujo plantio inicia em janeiro: a germinação dos grãos de milho perdidos na última colheita, multiplicando o número de plantas tigueras em muitas áreas.

Conforme especialistas, caso essas plantas de milho tiguera permaneçam em campo, elas irão garantir condições para que a cigarrinha sobreviva durante a entressafra do cereal.

“Essa quantidade de plantas voluntárias que temos, conhecendo a capacidade de multiplicação da cigarrinha, fica essa preocupação e acende o alerta. Fica, também, a recomendação para o nosso agricultor que acompanhe bem os seus talhões. Se tiver um grande volume de emergência de milho, que estude uma maneira mais assertiva de talvez antecipar esse controle das plantas voluntárias”, comenta o diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, Fábio Pittelkow.

O diretor de pesquisa salienta ainda que tal antecipação “pode trazer um benefício muito grande na quebra de ciclo da praga. Quanto mais antes eliminarmos essas plantas voluntárias, melhor é a estratégia para a quebra de ciclo dela”.

Segundo a entomologista da Fundação Rio Verde, Jéssica Gorri, a entrada com o controle no momento certo auxilia a evitar danos futuros.

“Quando se aumenta essa prática de controle inicial você não está só pensando na cigarrinha, mas em todos os complexos que essas plantas estão sendo hospedeiras e também nas viroses do enfezamento. E aí, não se está só pensando na cultura do milho, protegendo o milho, mas em todas as culturas sucessivas. Então estamos protegendo a soja, o algodão, todo o complexo. A gente protege a cadeia”.

milho tiguera em Mato Grosso
Presença de milho tiguera em áreas que irão receber as sementes de soja é visível em Mato Grosso. Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Complexo do enfezamento compromete produtividade

Os especialistas salientam que o encurtamento dos entrenós, que impedem que a planta ganhe a altura necessária para um bom desempenho, geram a má formação das espigas e problemas no enchimento de grãos, são alguns sintomas causados pelo complexo do enfezamento provocado pelas cigarrinhas contaminadas, que podem comprometer em até 70% a produtividade de uma lavoura.

“Mesmo que a praga tenha esse período de dormência, aguente um tempo sem alimento ou um alimento mais fraco que são essas plantas tigueras, o inóculo fica presente. Esse inóculo aumenta tendo planta o tempo inteiro e a cigarrinha ao se alimentar fica com essa doença em seu corpo e quando visitar a cultura a fase inicial dessa doença será transmitida. Por isso é tão importante ter essa quebra. A gente quebra tanto a praga quanto a doença”, frisa a entomologista da Fundação Rio Verde.

A especialista da Fundação Rio Verde frisa ainda que a sucção da cigarrinha por si só já é danosa para a planta, pois a deixa debilitada. “Com o acréscimo da doença, aumenta esse perfilamento. A planta não tem uma produtividade adequada e afeta diretamente e indiretamente a qualidade dos grãos. Então, isso gera uma quebra na produtividade muito grande”.

O agricultor Vilmar Piazza viveu na pele tal situação na safra deste ano de milho. Ele revela ter registrado perdas significativas de produtividade na plantação em decorrência da presença de cigarrinhas contaminadas.

“Foi uma ponte verde que acabou com o nosso milho. A média esperada, onde fizemos todos os manejos culturais, era para colher 150 sacas por hectare. O ano foi muito bom de chuva, plantamos cedo, mas fechou em 90 sacas por hectare por causa da cigarrinha. No meu caso ainda vou conseguir empatar, mas alguns vizinhos nossos o prejuízo foi grande que não vão consegui empatar nas despesas”.

O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, lembra que o milho tiguera não é de fácil controle, mas é preciso que os agricultores o façam.

“Nós sabemos que no estado tivemos umas chuvas antecipadas, então é importante, principalmente esses produtores que receberam essas chuvas, que não deixem esse milho crescer muito e façam o controle. Além disso, no desenvolver da cultura da soja é bom alternar o princípio ativo, porque a gente sabe que a maioria dos milhos hoje são resistentes ao glifosato e ao glufosinato, o que torna o controle ainda mais difícil”.

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