O plantio da soja avança em Mato Grosso e o produtor já faz as contas para o milho segunda safra. Custos em alta, chuva irregular e o risco de perder a janela ideal apertam o planejamento da cultura que entra em campo nos primeiros dias de janeiro em várias regiões do estado. Tanto que já tem agricultor que já estuda até trocar parte da área por outra cultura para evitar risco de prejuízos.
A semeadura da soja ganhou ritmo na última semana. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 60% da área prevista para a safra 2025/26 já está plantada, avanço de mais de 16 pontos percentuais em relação à semana anterior.
O levantamento divulgado pelo Instituto revela que a região médio-norte lidera os trabalhos com 84,5% da área semeada.
Presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, relata ao projeto Mais Milho, do Canal Rural Mato Grosso, que o produtor tem adiantado o cultivo da oleaginosa devido ao risco da janela do milho.
“A partir de 20 de outubro você já está fora da janela excelente. A soja que for semeada agora vai ser colhida por volta do dia 10 de fevereiro, quando já começa o risco da falta de chuva para o milho”, pontua.

Custos elevados do milho pesam nas decisões
Além da corrida contra o tempo, o aumento dos custos para a safra do grão dourado é mais um motivo de preocupação no campo.
De acordo com o Imea, o custo total do milho em Mato Grosso subiu e já chega a R$ 46,15 por saca na safra 2025/26. Só com os insumos, mostra o último relatório de custo de produção, o gasto passa de R$ 2,9 mil por hectare. Cenário que deixa o produtor em alerta e aumenta a pressão por uma janela de plantio favorável para garantir produtividade e lucro no fim da colheita.
“O ganho do produtor vai ser pouco, a não ser que ele consiga colher uma média muito boa. Esses preços de R$ 46, R$ 47 não são atrativos, mas não temos muita opção”, diz o presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Antônio César Brólio. Ele conta à reportagem que em sua propriedade os insumos para o cereal já foram adquiridos, mas que “agora é produzir e torcer para que o mercado reaja”.
Em Campo Novo do Parecis, de acordo com o Sindicato Rural, o milho deve ocupar cerca de 200 mil hectares, após a colheita da soja. Mesmo com 80% dos quase 400 mil hectares já plantados, a irregularidade das chuvas ainda causa atrasos e deixa a região em alerta.
“A janela da soja está no limite. Quem plantar agora já corre risco e quem apostar no milho pode acabar fora da janela ideal. No final, como sempre, a gente depende muito do clima”, diz Antônio preocupado.

Produtores monta força-tarefa no campo
No extremo norte do estado, a falta de chuva também atrasa o plantio da soja. Algumas propriedades chegaram a registrar 15 dias de estiagem, o que reduziu o ritmo dos trabalhos. É o caso do produtor Diego Bertuol. Para tentar não perder a janela do milho segunda safra, o agricultor montou uma força-tarefa no campo.
“O plano é acelerar o plantio, colocar o operacional 24 horas para conseguir ficar na janela ideal do milho. Já temos contratos fechados lá na frente, então qualquer atraso na soja reflete depois. As chuvas estão muito irregulares, o sinal de alerta já acendeu”, frisa ao Canal Rural Mato Grosso.
A mesma situação observada no norte do estado, também é vista na região sudeste. Em Jaciara, a família Schinoca também enfrenta o calendário apertado. O plano inicial era cultivar 1,4 mil hectares de milho, mas a indefinição do clima pode mudar a estratégia.
Conforme Everton Jorge Schinoca, da extensão a ser destinada para o milho ainda restam 600 hectares para receber as sementes de soja. Ele explica que o plantio da oleaginosa atrasou este ano visto as chuvas não terem chegado na hora certa.
“As previsões eram para o final de setembro, mas infelizmente não se concretizaram. Esse ano está atrasando, então temos essa preocupação de talvez mudar alguma coisa de milho para outra cultura, porque quanto mais a gente delonga o plantio, menos janela de chuvas temos lá na frente. A região aqui é complicada para milho, tem épocas que chove bem, tem épocas que não chove. Então temos que trabalhar com uma coisa mais assertiva. Já temos planos de mudar o milho para o sorgo, porque ele tem mais resistência à seca e é uma cultura mais barata para trabalhar também”, diz Everton.
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