A safra 2023/24 está sendo considerada pelo setor produtivo a mais desafiadora dos últimos tempos. Na avaliação da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), a atual temporada pode ser resumida em atraso de plantio e replantio em decorrência ao clima.
País de dimensões continentais, o Brasil vê neste ciclo situações completamente opostas de um estado para o outro. Enquanto na região sul as chuvas atrapalham a conclusão do plantio do milho primeira safra e o desenvolvimento das plantas com a ausência de sol, em Mato Grosso e demais estados da região centro-oeste e no Matopiba é a seca quem preocupa.
O tempo seco, a redução de área e tecnologia, a pressão de pragas e doenças são os maiores desafios da safra 2023/24 foram o foco da terceira live do Projeto Mais Milho nesta terça-feira (21).
Na região sul do país, conforme o engenheiro agrônomo e especialista em milho da Bayer, Roberto Favaretto, inicialmente a semeadura do cereal foi muito bem. Contudo, nos 30% finais das lavouras as chuvas começaram a trazer um pouco de atraso para os trabalhos.
“O milho vinha se estabelecendo bem e logo em seguida sofremos com as primeiras grandes chuvas. Nós tivemos muitas chuvas e ainda estamos tendo em todo o sul do Brasil. Hoje o milho se encontra de certa forma numa condição razoável para boa, mas com alguns desafios em termos de algumas doenças e pragas, principalmente em função desse clima”.
Altas temperaturas em Mato Grosso
Ao contrário da região sul, o plantio de milho primeira safra em Mato Grosso é baixo. Contudo, a safra de soja tem sofrido muito com o El Niño, que trouxe para o estado irregularidade de chuvas e altas temperaturas, o que deve refletir na segunda safra do cereal.
“É uma situação bem desafiadora. A gente ouve relatos dos nossos associados de que é uma das safras mais desafiadoras dos últimos tempos, justamente porque aliou a redução das chuvas, por conta do El Niño, e as altas temperaturas”, pontou a gerente de defesa agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Jerusa Rech.
Jerusa comentou, durante a live Mais Milho, que muitas lavouras de soja em Mato Grosso apresentam problemas de escaldadura.
“Temos um cenário em Mato Grosso bastante misto. Existem algumas lavouras que foram semeadas nas primeiras chuvas de setembro e que se estabeleceram, porém agora já estão sentindo um pouco essa falta de chuva. Algumas áreas que fizeram o plantio dentro do estado, porém não se desenvolveram e vão ter que fazer replantio. E, existem áreas que não iniciaram o plantio ainda”.
De acordo com a gerente de defesa agrícola da Aprosoja-MT, tais características observadas nesta safra 2023/24 ocorrem no estado como um todo.
Redução de investimentos no milho
A redução de investimentos, e até mesmo de área, no milho não é descartada em Mato Grosso, segundo Jerusa, por conta do risco da semeadura fora da janela ideal.
Gerente técnico da Abramilho, Daniel Rosa, avaliou que a safra 2023/24 pode ser resumida em dois pontos: atraso no plantio e replantio.
“Se dão por motivos diferentes. Excesso de chuvas no sul e em Mato Grosso por falta de chuvas. Aí atinge [também] todo o centro-oeste e Matopiba. Goiás as lavouras já deveriam estar plantadas”.
Daniel Rosa lembrou que a primeira safra de milho corresponde a cerca de 30% da produção total do cereal.
“As previsões, se seguirmos a Conab, são positivas e de manutenção. Agora quando a gente pensa que a segunda safra vai ser plantada fora da janela e num ano de El Niño, em que podemos ter períodos de seca, é uma situação mais desafiadora. E aí os produtores acabam tirando um pouco o pé e ficam mais cautelosos. Isso a gente vê até mesmo na venda dos insumos, que estão em ritmo bastante lento”.
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