MAIS MILHO

Clima adverso preocupa agricultores do médio-norte de Mato Grosso

Semeadura do milho encerrou no estado e no médio-norte há produtores estimando perdas de até 50% no potencial produtivo

O clima adverso em Mato Grosso vem castigando as lavouras de milho e pode prejudicar o desempenho da segunda safra em algumas propriedades, assim como ocorreu na soja. Na região médio-norte tem agricultor estimando perdas de até 50% no potencial produtivo da plantação.

Na última sexta-feira (22), relatório de acompanhamento da semeadura do milho segunda safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontou que 100% da área prevista havia recebido as sementes.

Na propriedade do produtor Tiago Ceolin, localizada em Lucas do Rio Verde, mais da metade dos 780 hectares de milho sofre com a falta de umidade no solo. Sem hesitar, ele pontua que será difícil recuperar-se financeiramente do prejuízo da safra de soja. A esperança no desempenho da segunda safra, afirma, ficou pelo caminho.

Na propriedade de Tiago Ceolin a soja começou a vir bonita, conta. Contudo, próximo da floração as chuvas cortaram.

“Perdas de 40% a 50%. Entramos no plantio do milho, estava correndo tudo bem até um momento. E agora nos deparamos com a falta de chuva. Investimento de 85 sacas por hectare para colher em torno de 150, 160. E já deu uma quebra, vamos falar por baixo hoje, em torno de 50%. Do jeito que está aí para mais”, estima o produtor ao Canal Rural Mato Grosso.

Assim como na soja, o impacto no milho, segundo Tiago Ceolin, também é uma consequência do El Niño.

“O tempo não está colaborando. Sol de 40 graus. Não tem planta que aguenta ficar 23, 24 dias sem chuva. Se não chover o milho vai se entregar e vai morrer mesmo. Está perdendo as folhas do baixeiro, está amarelando tudo”.

Situação se estende no médio-norte

Em Nova Mutum a situação não é diferente. Por lá, também há agricultor preocupado com a falta de água no milho. Em algumas propriedades, inclusive, há risco de perdas significativas na plantação.

O presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen, comenta ao Canal Rural Mato Grosso que a extensão a ser semeada fora da janela ideal do milho foi “pouca”.

“Isso que é o mais preocupante ainda. Onde não choveu na soja, aparentemente também não está chovendo no milho. É aqueles bolsões que ficaram seco na soja e tudo indica que vai acabar as chuvas antes também no milho”.

De acordo com Paulo Zen, já é possível observar as folhas do cereal enrolando, em especial nas áreas mais arenosas e elevadas.

“Está sentindo bem. Os que jogaram adubo a pouco tempo, o adubo nem está sendo aproveitado. Ainda mais na questão de estar no fator produtivo agora. Tem muitos que já está na bonequinha. Então precisa de água. Cada chuva agora é uns sacos a mais. Chuvas a menos com certeza é uns sacos a menos”.

Na fazenda em que o gerente de produção Marcos de Paula Nascimento trabalha em Nova Mutum não há chuvas significativas há mais de 20 dias. A estiagem já causa preocupações e ameaça a produtividade dos milharais, segundo ele.

“O milho está sofrendo, secando. É difícil você ver uma planta que não começou a seca já. Estamos com 60 milímetros acumulados aqui no máximo até agora. Para o milho é pouca chuva. Só tem previsão, mas ela não vem. É uma faixa de uns 50% da área total de perdas já”.

Marcos de Paula revela que diante da situação crítica o seguro feito nesta temporada já foi acionado. Além disso, a ameaça de baixa rentabilidade desencadeia outra preocupação na fazenda: a falta de recursos para cumprir os compromissos.

“Fechamos com média da soja com 25 sacas por hectare e o milho também está se encaminhando para o mesmo problema: falta de água. Então, tem o custeio, maquinário financiado, funcionário, que também acaba sofrendo. Tem tudo isso para ser pagado com esse milho aqui, que está se perdendo no tempo”.

Para o diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, o investimento no perfil de solo pode ser uma alternativa para minimizar as perdas no campo em períodos de déficit hídrico mais agressivos.

“Nós vemos a seca mais severa. Rodamos aqui a BR-163, os municípios adjacentes vemos a cultura no campo. Nós estamos em março e estamos com 59 milímetros acumulados no mês. Volume muito abaixo do esperado. Então, isso dificulta muito e a gente vê que as áreas que têm uma melhor palhada, uma melhor construção de perfil de solo está sentindo menos essa estiagem. É claro que precisa chover. Não tem milagre. Não tem técnica que suporte uma estiagem ou baixo volume de chuvas, mas nessas áreas que temos preparado, construído um perfil de solo, não só pensando em perfil físico, químico e também biológico a gente tem mais sucesso para enfrentar esses períodos”.

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