MAIS MILHO

Bactérias melhoradas geneticamente podem trazer benefícios ao milho brasileiro

Tecnologia é desenvolvida por pesquisadores americanos e a expectativa no Brasil é que traga benefícios ao milho

Uma tecnologia a base de organismos vivos biológicos, através de melhoramento genético, estão em testes em campos experimentais de milho segunda safra no Brasil. O estudo é desenvolvido por pesquisadores americanos e tem o intuito de substituir o nitrogênio sintético pelo biológico, por meio do tratamento de sementes. A expectativa é que o produto traga benefícios em produtividade e menor custo.

Há mais de quatro décadas o Grupo Capitânio realiza investimento em novas tecnologias. Nesta temporada 2023/24 não foi diferente com as culturas de soja e milho segunda safra, que ocupam cerca de 15,5 mil hectares no médio-norte de Mato Grosso, conforme o agricultor Patrick Willian Crestani.

O grupo, pontua o agricultor, está sempre em busca de inovação e focado em obter os máximos rendimentos. Nas últimas três safrinhas, conta ele, foram realizados mais investimentos em adubação e na escolha dos híbridos.

“Procuramos posicionar o híbrido por talhão. Especificamente, não tem mais aquele negócio generalizado. Hoje, temos praticamente 85% da nossa área plantada dentro de janeiro e sempre buscando o máximo rendimento”.

O produtor comenta ainda que em relação a comercialização, por enquanto, a cautela prevalece na hora de analisar as propostas que chegam de fora da porteira. Tal medida visa evitar uma rentabilidade abaixo do esperado.

“Você tem que estar com o fluxo de caixa organizado para não ter nenhum tipo de problema com as contas. Então, vamos ter que avaliar o mercado nesses próximos meses, mas eu não acredito pela perspectiva, pela expectativa de produtividade, que o preço venha a ter uma melhora significativa. Como não há uma remuneração tão boa nessa última safrinha, o nosso objetivo é produzir cada vez mais para tentar minimizar a questão dos custos”, frisa Patrick Crestani ao Canal Rural Mato Grosso.

Mais tecnologia e menos custos

Segundo Patrick Crestani, hoje o grupo possui um custo de 100 sacas por hectare. Frente ao preço pago hoje no mercado pela saca de 60 quilos, a expectativa é que o custo da próxima safrinha seja ainda maior.

“O nosso objetivo não é reduzir o investimento. É claro que algumas coisas a gente acaba revendo, porque não podemos estar fazendo loucura. Temos que ter o pé no chão”.

Uma das apostas do agricultor para tentar minimizar o custo dos insumos, sem comprometer o potencial produtivo da próxima temporada, é um produto biológico aplicado no tratamento de sementes. A novidade está sendo testada em uma área experimental de 20 hectares de milho segunda safra na propriedade.

No teste, explica Patrick Crestani, foram aplicados 20 quilos de ureia a menos, que no caso equivalem a 23 pontos de nitrogênio, que é o objetivo do trabalho.

“Se levarmos em consideração o custo operacional do avião, em que foi feita a ureia no pré-pendão, mais o custo da ureia em si, mais o custo da mão de obra, nós economizamos em torno de cinco sacas por hectare. Então, a cada cinco sacas que conseguimos economizar com maior potencial produtivo, sem reduzir a qualidade do nosso investimento, faz uma grande diferença com certeza”.

O agricultor relata ainda que não foram observadas diferenças “no visual no tratamento e onde não tem tratamento. Só que sabemos que a questão do nitrogênio vai interferir muito no peso do grão, no PMG, no peso de mil grãos. E a nossa expectativa é ver a diferença na colheita”.

O conceito do produto, explica Márcio Farah, diretor geral da Pivot Bio, é considerado muito simples. “[Uma] bactéria de solo que é geneticamente editada, portanto não é transgênica, que atua na absorção do nitrogênio do ar, transformando esse nitrogênio em amônia para disponibilizar na raiz da planta. Esse produto é aplicado na forma de tratamento de sementes. Ele não inibe a absorção do nitrogênio que está no solo, através dos adubos sintéticos, e também não é um estimulante de absorção de nitrogênio na planta. A bactéria sim. Ela é uma fábrica de fazer amônia, retirando nitrogênio do ar”.

O produto, completa Márcio Farrah, possui a capacidade de “complementar a absorção da planta e a demanda da mesma na medida em que o ciclo do milho demanda mais nitrogênio. Com isso, estimamos que seja possível substituir em torno de 30% de toda ureia sintética aplicada no cultivo do milho hoje com essa geração de bactérias”.

EUA registra resultados animadores

A tecnologia foi desenvolvida por dois pesquisadores nos Estados Unidos. Nas áreas monitoradas na safra 2024 foram verificados incremento médio de seis bushel por acre, pouco menos de seis sacas de milho por hectare.

“O ponto principal é que o nitrogênio é altamente responsivo às condições ambientais. Então se você tem mais água, menos água, mais sol, menos sol, mais luz, menos luz, tudo isso afeta a absorção de nitrogênio e a performance dele na planta. E, na medida em que você pode substituir um produto de origem sintética por uma bactéria, um produto vivo, um produto biológico você tem um efeito de sustentabilidade muito maior dentro da propriedade, muito conectado com o conceito de agricultura regenerativa, que está sendo explorado por muitos agricultores que é uma tendência que a gente vê aí no mercado para os próximos anos”, diz Márcio Farah.

Estudo no Brasil

No Brasil o produto é testado em áreas entre 20 e 25 hectares de milho segunda safra, todas homologadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os testes são realizados em 30 propriedades no país, sendo em Mato Grosso 20 propriedades e as demais entre os estados da Bahia, Paraná, Minas Gerais e Goiás.

A escolha de tais estados tem como intuito “justamente para testar e verificar diferentes condições de solo, clima e de híbrido”, destaca Márcio Farah.

“Toda semana é feita uma medição dos campos através da altura de plantas, teor de clorofila na folha e desenvolvimento geral de toda a área que está sendo testada. O primeiro produto a ter a sua aprovação comercial, estimada no segundo semestre de 2024, é o produto para milho. Logo após o cereal, nós teremos uma extensão desse rótulo, desse mesmo produto, para algodão, e logo após um segundo produto que nós destinamos a grãos pequenos, primeiramente para sorgo, trigo e depois demais culturas que demanda uma quantidade de nitrogênio sempre em grãos pequenos”.

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