O ritmo de trabalho no plantio da segunda safra de milho em Mato Grosso é inferior à média histórica para o período. A lentidão, segundo o setor, reflete também nas tomadas de decisões de muitos produtores. Em Diamantino, por exemplo, a previsão é de que a área destinada ao cereal fique 30% menor diante da desvalorização do cereal e o risco de semeadura fora da janela ideal.
Até o dia 19 de janeiro Mato Grosso havia plantado 3,93% da área destinada para o milho. Na série histórica para o período a média é de 7,64%, apontam os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na propriedade da família Kröling em Diamantino, região centro-sul do estado, uma força tarefa é realizada para colher as primeiras áreas dos 1,7 mil hectares destinados para a soja nesta safra 2023/24. Conforme Flávio Kröling, esperava-se em tais áreas era de 30 sacas por hectare, contudo o resultado está ainda mais abaixo.
“Eu vou fechar em torno de 25 sacas por hectare em um talhão de 200 hectares. O investimento era para 70 sacas, que foi o que colhi o ano passado. Preocupa. Tira o sono, mas o problema está aí e não tem como fugir. Vamos encarar e tentar resolver da melhor maneira”.
O produtor ressalta que já eram esperadas médias de produtividade baixas. “A gente já estava prevendo devido à falta de chuva. O problema está instalado. Vamos ter problemas no cumprimento de contratos, mas nós vamos chegar nas firmas, que já sabem o que está acontecendo, e sentar com eles e ver o que podemos fazer”.
Quebra de 50% na soja
O cenário visto na propriedade da família de Flávio Kröling é semelhante ao visto em outras fazendas situadas em Diamantino.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural do município, Altemar Kröling, a produtividade média das primeiras áreas de soja colhida não passa de 17 sacas por hectare.
“Temos conversado com os produtores daqui e feito um levantamento em várias partes do município. Nós não temos nem 10% de soja boa. É tudo soja ruim ou regular. Eu continuo batendo em cima dos 50% [de quebra] com o cenário das primeiras áreas colhidas”, diz o presidente do sindicato que, assim como muitos produtores, estima por uma sensibilidade das empresas diante da situação.
Incertezas no milho preocupam
A instabilidade provocada pelo clima adverso, que castigou duramente as lavouras de soja nas primeiras áreas, também deixou inúmeras incertezas quanto a escolha do milho como cultura de segunda safra. Em Diamantino, segundo o Sindicato Rural, a expectativa é uma redução de 30% na área destinada para o cereal.
“O histórico de janela boa para o milho é até 20 de fevereiro. O que passar correr o risco de estiagem lá na frente e o produtor conhecendo essa situação não vai querer correr esse risco”.
Outro ponto, cita Altemar Kröling, que pesa na decisão do produtor é a rentabilidade que o milho vem apresentando que não está fechando a conta.
“Então o produtor vai plantar milho na melhor área, na melhor época e não vai correr mais risco. Geralmente a trade é mercado de exportação, é milho exportação. Aí ele vê o custo da lavoura e o preço na troca, que dá aí entre 70 e 75 sacas, e não vai correr esse risco. A conta não fecha, porque se você pegar a média histórica nos últimos três anos é 80, 82 sacas de milho. O produtor não vai fazer um compromisso de 75 sacas e correr risco. Não vale a pena”.
A situação com o milho é considerada preocupante pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, frisa que as estimativas apontam para uma quebra de 20%, aproximadamente.
“Primeiro por conta de algumas áreas que não vão ser cultivadas. Segundo o atraso no plantio da soja, o que vai fazer com que grande parte desse milho seja semeado fora da janela, e ainda a diminuição da tecnologia, principalmente o uso de fertilizantes nitrogenados”
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