PUBLIEDITORIAL

Fitolab debate podridão da soja em dia de campo em Sorriso

Apesar do avanço nas pesquisas, o assunto ainda chama a atenção de produtores e pesquisadores e pode tirar muita produtividade no campo

TecnoFito Soja 2024 Fitolab
Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso
TecnoFito Soja 2024 Fitolab
Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

O quebramento de haste e podridão de grãos da soja seguem intrigando produtores e especialistas em Mato Grosso. Nas últimas três safras os problemas afetaram entre três e quatro milhos de hectares de soja no estado, com maior incidência na região da BR-163. O prejuízo estimado, segundo pesquisadores, gira em torno de R$ 1,5 bilhão.

Apesar do avanço das pesquisas, o assunto ainda desperta atenção tanto de especialistas quanto de produtores rurais, uma vez que a anomalia, como vem sendo chamada, pode tirar muita produtividade da soja no campo.

Diretor de pesquisas da Fitolab, Eder Novaes Moreira, comenta que em um primeiro momento observou-se a questão das variedades de soja e se constatou que há um comportamento distinto entre elas, e que diante disso o produtor acaba assumindo esse risco em plantar a mais suscetível ou não.

Situada em Sorriso, região médio-norte de Mato Grosso, a Fitolab é especialista em conhecimento prático para gerar soluções agronômicas em proteção de plantas, atuando no posicionamento de estratégias de manejos na cultura soja, milho, algodão e feijão.

O assunto foi um dos temas abordados durante a segunda edição do TecnoFito Soja 2024 em Sorriso nesta terça (9) e quarta-feira (10). Na ocasião foram abordados detalhes técnicos e percepções cruciais da safra 2023 da cultura da soja ao longo da BR-163. Com destaque para 142 cultivares de soja, exploraremos a contribuição da palha em situações de stress térmico e hídrico.

Conforme Eder, algumas práticas culturais auxiliam para minimizar a podridão e assim evitar perdas maiores. Ele frisa que a questão é um problema genético e que se pode levar entre cinco e oito anos para o mercado levar ao produtor materiais que consigam mitigar tal anomalia.

“Um exemplo é o uso de palhada. Uma palhada bem formada de milho ou braquiária, ou do Sistema Santa Fé, tem ajudado bastante. Outro detalhe é a questão de espaçamento, população de planta tem reduzido, o molhamento folear de forma indireta reduz as doenças de modo geral”.

Outro ponto, conforme o diretor de pesquisas da Fitolab, é o equilíbrio da fertilidade da planta também pode dar problema na questão das podridões.

Clima auxilia na podridão da soja

Dentro das estações experimentais da TecnoFito 2024, que estarão disponíveis para visitação pelas próximas duas semanas, a anomalia da soja se faz presente. De acordo com Eder, as estações foram semeadas na segunda quinzena de outubro, visando acompanhar o período de plantio e desenvolvimento da cultura da soja no estado.

“O que observamos é que ano seco têm muita gente que diz que não vai ter e aqui na estação mesmo, no meio da BR-163, já estamos observando problema de anomalia em alguns materiais. É um problema que veio para ficar e vamos ter que aprender a conviver com ela. Uma das funções do TecnoFito foi trazer soluções, programas, sistema, variedades para reduzir problemas de anomalias”.

Em meio as estratégias de mitigação, e que vem apresentando avanço, está o programa de fungicida. Historicamente na região da BR-163 o número de aplicações realizadas pelos agricultores é de três aplicações. Hoje, são realizadas cinco aplicações.

“Está blindando a soja. Então, todas essas estratégias são coisas que a gente vem trabalhando. Mas, o fator é o clima. O clima é soberano. Se nós tivermos muita chuva em novembro e dezembro vamos ter problema de anomalia. Esse ano choveu 70% a menos que em 2021, ano que eu o problema na anomalia. Então, a perda que a gente vê esse ano foi a questão climática. Essa soja provavelmente vamos ter problema de apodrecimento de vagem. Cada ano é um ano e cada safra é uma safra. Temos que nos adaptar, entender ela e mitigar ela dentro da safra. Temos que levar a sério a anomalia”.

Estresse térmico e hídrico preocupam safra 23/24

A safra 2023/24 têm sido de preocupação não somente em decorrência a anomalia da soja, mas também em decorrência do estresse térmico e déficit hídrico. Em Sorriso, um dos 27 municípios mato-grossenses com decreto de situação de emergência devido à falta de chuvas durante o plantio, as estimativas apontam perdas de até 50% na produção das primeiras áreas cultivadas.

Presidente do Sindicato Rural do município, Sadi Beledelli comenta que a soja, que era para ter sua colheita iniciada em 10 de janeiro, já era retirada das lavouras em 15 de dezembro.

“Realmente é uma safra muito desafiadora. Clima muito adverso, principalmente novembro e dezembro. Isso afetou alguns materiais, em especial os mais precoces. Temos relatos de vários produtores que iniciaram a colheita com antecipação de ciclos de 15, 20, 25 dias, prejudicando o enchimento de grãos. Com isso, não tendo grão, não tendo produtividade, há relatos do pessoal colhendo 10, 15 sacas por hectare de média nessas primeiras, ou seja, perdas de 30% até 50%”.

A preocupação em torno do clima, causada pelo fenômeno El Niño, tornou-se um dos destaques no TecnoFito 2024, realizado pela Fitolab. Entre as recomendações dos especialistas está a atenção redobrada com a ponte verde e o manejo básico.

“Tivemos a possibilidade de abrir a semeadura um pouco antes. Com esse atraso a gente vai ter que essa safra se estendendo, então temos a permanência das pragas na mesma cultura. Também tem essa preocupação com a cultura que vem depois. Um exemplo bastante claro de hoje, a gente tem de um lado a soja no período reprodutivo, com alta incidência de mosca branca, percevejo acontecendo um pouco também e as lagartas spodopteras, e do outro lado o algodão recém semeado já emergindo e essas pragas migrando”, alerta a entomologista da Fitolab, Gabriela Vieira Silva.

Segundo a especialista, isso vai favorecendo cada vez mais uma adaptação das diversas espécies pragas e doenças dentro do cenário agrícola.

“E se você tem temperaturas mais altas, você tem metabolismo do inseto e isso aumenta a velocidade da reprodução e de todas as atividades biológicas. Com isso a gente diminui o ciclo dele, embora tenhamos algumas situações onde altas temperaturas, associadas a baixa umidade relativa do ar, podem causar a desidratação dos ovos e ali podemos ter uma mortalidade. Mas, de forma geral, essas condições favorecem a ocorrência de insetos. Eu diria que a principal recomendação é retomar esses pontos básicos e trazer o manejo integrado de pragas de fato para dentro da porteira”.


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A FITOLAB tem como missão transformar pesquisa em conhecimento prático para gerar soluções agronômicas em proteção de plantas – atuando no posicionamento de estratégias de manejos na cultura soja, milho, algodão e feijão!