DIRETO AO PONTO

‘Temos que começar a buscar novas alternativas de mercado’, frisa especialista do Cepea

Números não positivos da China ligam o sinal de alerta quanto a necessidade de outras opções de mercado, bem como produtos

Os impactos da pandemia da Covid-19 ainda são sentidos em diversas esferas econômicas, sendo o agrícola um dos mais impactados. Enquanto os preços da soja despencaram, os dos insumos não acompanharam. O que contribui, além da quebra de produtividade na safra 2023/24, para margens ainda mais apertadas.

Pesquisador da área de Custos Agrícolas do Cepea/Esalq-USP, Mauro Osaki, pontua que os impactos são globais no que tange a pressão inflacionária.

“Todos nós sofremos essa pressão inflacionária em função da ruptura que nós tivemos na cadeia de suprimentos. Então, em algum momento nós ficamos sem o abastecimento completo dos nossos insumos durante a pandemia e por uma questão de período nós tivemos uma falsa demanda. Mas, agora estamos voltando à normalidade”, frisa ele em entrevista ao programa Direto ao Ponto desta semana.

Mauro Osaki foi um dos painelistas do terceiro Fórum Técnico Mais Milho, realizado na manhã de quarta-feira (14) em Cuiabá (MT). O evento integra a o projeto Mais Milho, que está em sua oitava temporada e é uma realização do Canal Rural, afiliada de Mato Grosso, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Conforme o especialista do Cepea/Esalq-USP, diante de tal volta da normalidade se está vendo que não há necessidade em comprar tanto e se está vendo que a pressão que se tinha em da demanda hoje ficou mais fraca.

“Nós estamos ajustando agora essa oferta e demanda e nós ainda estamos em ritmo acreditando que o mercado está demandante, enquanto que ele está um pouquinho mais acuado. Em especial a China. Nós vemos que o crescimento econômico dela está mostrando números não tão positivos quanto os anteriores à pandemia”.

Apesar da renda chinesa estar “estabilizada”, Mauro Osaki salienta que algumas questões estão mostrando “sinais um pouco preocupantes, que nós devemos monitorar e nós não estamos acompanhando a mesma taxa que nós fazíamos há 20 anos atrás”.

“É uma coisa que nós temos que começar a olhar para não tentar continuar com o pé no acelerador, sabendo que o outro lado tirou o pé. Esse descasamento vai aumentar o nosso excedente de produção, tornando mais difícil a nossa vida aqui no Brasil”.

Entre as alternativas, para minimizar os impactos da diminuição do apetite chinês, está a busca de novos mercados. A Índia, de acordo com Mauro Osaki no programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (15), é um potencial mercado a ser analisado, principalmente para o óleo de soja, frango e até mesmo grão de bico.

“É um mercado que precisamos olhar que produto nós podemos começar a ampliar, o que o torna um novo parceiro [comercial] para nós. Talvez não em grão, mas talvez em derivados, o que seria interessante nós colocarmos como opção além da China”.

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