DIRETO AO PONTO

Sicredi prevê crescimento de 15% na demanda do próximo Plano Safra

Inadimplência do produtor saltou de aproximadamente 0,5% para 2% dentro da instituição financeira cooperativa, em alguns casos devido à quebra de safra

A demanda por crédito rural nos últimos anos segue crescente ao passo do avanço do agronegócio, da produção agrícola em si. Na temporada 2024/25 a Central Sicredi Centro Norte prevê um aumento de 15% na captação de recursos do Plano Safra, em relação ao ciclo passado.

A estimativa foi apontada pelo diretor executivo da instituição financeira cooperativa, Seneri Paludo, em entrevista do programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (16).

Conforme ele, nos últimos anos o produtor rural tem demandado cada vez mais recursos para fazer a sua safra, principalmente para custeio.

“E, você tem duas fontes para isso. Você tem a fonte do governo federal, que está muito atrelado ao plano safra, e você tem a fonte de mercado livre. O que tem acontecido nos últimos anos é que você está tendo um crescimento muito maior de crédito livre”, diz o diretor executivo Central Sicredi Centro Norte.

Tal “descompasso” entre as duas fontes de recurso, na avaliação de Seneri Paludo, decorreria da situação econômica brasileira ou das contas públicas do governo federal.

“No ano passado já executou um crescimento na ordem de 10% [captação]. A gente está projetando para esse ano agora, para o próximo Plano Safra, um aumento de demanda dentro do Sicredi na ordem de 15%. Agora, ficamos nesse compasso de espera, de aguardo, para ver quanto esse crescimento vem de fontes oficiais”.

Tal percentual representaria um incremento de R$ 3 bilhões em relação ao disponibilizado na safra 2023/24, ou seja, a estimativa é que sejam captados algo em torno de R$ 11 bilhões.

Ainda conforme ele, “aquilo que não vai ser suportado pelas fontes oficiais, vamos à mercado com taxas de juros livres, para captar também e fazer frente ao produtor”.

Inadimplência salta com crise

A safra 2023/24, que caminha para a sua reta final, segue vista como uma tempestade perfeita para o setor produtivo. Além dos baixos preços pagos pelas sacas de soja e milho, bem como arroba do algodão, e até mesmo na pecuária, os produtores enfrentaram quebra de produção em decorrência às adversidades climáticas.

Diante da situação, se viu no setor uma alta de inadimplência, e até mesmo de pedidos de recuperação judicial.

O diretor executivo Central Sicredi Centro Norte comenta que a inadimplência do produtor rural girava em torno de 0,3% e 0,5% dentro da na instituição financeira cooperativa.

“E, esse ano dobrou. Ainda é uma inadimplência super baixa quando comparada com o mercado, com outros setores empresarias. Mas, sair de uma inadimplência de 0,3%, 0,5% para superiores de 1,2%, 1,3%, em alguns casos batendo até quase 2%…”.

Seneri Paludo afirma que quando se olha para a questão da inadimplência, não se apenas para a carteira rural, mas sim está se olhando o produtor como um todo. E nesse aspecto, o que se observou não foram atrasos de mais de 90 dias em pagamentos de operações de crédito rural.

“Foram operações muito fortes de cartão de crédito e cheque especial, que é uma das contas mais caras que se tem de taxa de juros e que muito brasileiro se complica. Temos recomendado muito para sentar, procurar uma linha, negociar. Então, temos feito muito desse trabalho de estar junto com o produtor rural nesse momento para fazer esses processos, até para fazer o alongamento dessas dívidas, principalmente no curto prazo. Até, porque achamos que isso é momentâneo”, salienta.

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