DIRETO AO PONTO

‘Ou baixava a taxa de juros ou o dinheiro’, diz assessor especial do Mapa sobre o Plano Safra

Segundo Carlos Augustin, a solução para a armazenagem estaria no BNDES e não no PCA, com linha dolarizada

Anunciado com atraso de aproximadamente uma semana, o Plano Safra 2024/25 não veio como o esperado pelo setor produtivo. Uma das principais reclamações é quanto à taxa de juros, que não apresentou redução.

O assessor especial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Ernesto Augustin, reconhece que os juros não caíram “como a gente gostaria”, mas que “não dá para fazer milagre”.

Entrevistado desta semana do programa Direto ao Ponto, do Canal Rural Mato Grosso, Augustin frisa que durante o planejamento do Plano Safra 2024/25 o Tesouro Nacional teria dito “o que você tem para gastar é isso aqui, com essa taxa de juros”.

Segundo ele, o Ministério informou o desejo em baixar a taxa de juros. Entretanto, a resposta do Tesouro Nacional teria sido a de que “podia, mas que o dinheiro diminuiria”.

“Então, dentro dessa equação diminuir o dinheiro para diminuir a taxa de juros, nós optamos por baixar muito pouco a quase nada, 1% em algumas, do que diminuir o dinheiro. Era isso! Não tinha muito o que escolher”.

Recursos do PCA ainda aquém

Apesar do incremento de aproximadamente 17%, o volume destinado ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) no Plano Safra 2024/25 mais uma vez foi considerado “insuficiente” para acompanhar o ritmo do crescimento da produção de grãos no país.

Conforme o vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini, em entrevista ao Direto ao Ponto da semana passada, hoje, para isso seriam necessários R$ 15 bilhões ao ano de investimento em armazenagem.

“Nós não vamos resolver o problema da armazenagem com o PCA. O PCA é de R$ 5 bilhões. É pingo na frigideira. Chegou o dinheiro e … [evapora]. Nós temos uma outra oportunidade aqui e é com o BNDES”, frisa o assessor especial do Mapa em referência a linha em dólar.

Augustin pontua que a linha dolarizada voltada para máquinas agrícolas “é um sucesso”, tendo já o programa emprestado R$ 6 bilhões.

“E esse programa também é extensivo aos armazéns. Mas, ele ainda está muito devagar com os bancos. Todos esses programas novos, eles não saem como foguete. Eles demoram um pouco”.

Custeio em dólar

De acordo com Augustin, os produtores a partir deste ano também poderão captar recursos para o custeio em dólar. A expectativa é que a taxa de juros fique entre 8,5% e 9%.

“Aí vai dizer que é caro. Caro é você pagar o defensivo no ano que vem para a revenda, que está te cobrando, sem você saber, a Selic mais 4%. Se o agricultor tiver a oportunidade de tomar em dólar o dinheiro e pegar e comprar à vista da revenda, eu tenho certeza que ele vai fazer um negócio melhor. Nós temos que nos desvincular da dependência que temos do Tesouro”.

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