Além de situações do dia a dia do campo e da legislação brasileira, que passa por mudanças, um dos grandes desafios do setor produtivo mato-grossense e brasileiro é “quebrar a barreira de comunicação” com a sociedade. Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, o país não possui uma cultura de defender o produtor rural, como é visto em outros países que possuem uma grande produção de alimentos.
O desafio da comunicação do setor produtivo com a sociedade é dos assuntos do programa Direto ao Ponto desta semana.
Fernando Cadore, que deixa a presidência da Aprosoja Mato Grosso, passando o bastão para seu sucessor Lucas Costa Beber, comenta que ao longo da gestão 2021/2023 a entidade buscou ações que convergissem em melhorias para dentro e fora da propriedade.
“É um turbilhão de coisas que nos ensina muito como pessoa, mas que nos dá também a honra de estar à frente do maior estado produtor do país”.
Entre as ações realizadas, aponta Cadore, estão as realizadas na esfera política, como debates em torno do Marco Temporal, regulamentação de defensivos agrícolas, reforma tributária, entre outras, além de ações técnicas, de pesquisa e armazenamento, por exemplo.
“Tentamos mudar algumas coisas na barreira de comunicação. Eu costumo dizer, e é uma falha do setor produtivo, e me incluo nisso, que nós tivemos um lapso de comunicação. Nós estávamos antes preocupados em fazer o que é hoje [produzir] e esquecemos de falar com a sociedade e nesse meio tempo fomos engolidos pelas mentiras, pelas narrativas”.
O presidente da Aprosoja Mato Grosso salienta ainda que fazer comunicação no país “não é simples”.
“É uma visão distorcida. Da mesma forma que tivemos uma evolução na agricultura, que rompeu barreiras, nós tivemos uma inversão do local de moradia da população brasileira. Essas pessoas desconhecem a realidade da produção. Então, essa barreira precisa romper e só vai conseguir falando em massa”.
Comunicação é um desafio gigante
Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso “é um desafio gigante” do setor fazer tal comunicação com a sociedade.
“É o início de uma semente e que deve ser mantida, até porque o Brasil não tem a cultura da defesa do produtor. Quando pegamos nações mais antigas, na Ásia, Europa, na própria América do Norte, são lugares que passaram por dificuldades, fome, guerra, privação da alimentação. Então se vê que valorizou o produtor de alimento. Coisa que não tivemos no Brasil”.
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