Com o final da colheita do milho segunda safra 2023/24 em Mato Grosso, o foco do produtor agora se volta para a semeadura da soja 2024/25. Temporada, inclusive, considerada ainda de desafios e cautela, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), diante das margens apertadas.
“Nós temos uma antecipação de janela, de calendário da semeadura. Então, o produtor está se preparando para esse movimento”, pontua o superintendente do Instituto, Cleiton Gauer, entrevistado desta semana do programa Direto ao Ponto, do Canal Rural Mato Grosso.
Em Mato Grosso, de acordo com a Portaria nº 1.111 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a janela de plantio da soja 2024/25 vai de 7 de setembro de 2024 a 7 de janeiro de 2025.
Um dos desafios para a atual temporada “conseguir completar a janela, principalmente da segunda safra”, o que pode levar o produtor a “entrar no pó” com a soja para garantir o operacional da propriedade.
“Mas, sabemos que os produtores não vão arriscar, na sua maioria, fazer esse processo, dado que costumeiramente aguardam as primeiras chuvas para ter um acumulado, conseguir entrar com mais segurança para realmente não perder todo o investimento que ele está colocando naquele momento”, salienta Cleiton Gauer.
Fertilizantes sobem e impactam na margem
Em meio ao custo de produção elevado, os fertilizantes nos últimos dias apresentaram alta significativa, o que pode impactar na margem do produtor.
O superintendente do Imea salienta que ao longo dos últimos meses era observada uma “relação de troca mais positiva”, ao contrário do que é visto hoje.
“Eu acho que esse movimento é puxado, principalmente, por conta de algumas matérias-primas que estão subindo na cotação, mas também de um momento de pressão do produtor ter aquela necessidade de fazer as aquisições, ter uma maior procura, porque ele tem que receber esse produto também até o início de setembro para conseguir dar o start na semeadura”.
E, se falando em margens e rentabilidade, ele comenta que as projeções iniciais para a soja apontam ser “um pouco melhor” no comparativo com o ciclo passado, no qual a produtividade “foi drasticamente impactada”.
“Então, deixou de entrar receita na propriedade [queda na produtividade da safra passada]. Em um desenho inicial, apesar dos preços, melhora um pouco em relação ao ano passado, voltando um pouco próximo das médias que o produtor está acostumado lá em meados da safra 2018/19 para trás. Em torno de R$ 800 a R$ 1 mil se falando em Lajida na soja”.
Apesar do desenho para a soja caminhar para o lado positivo, quando analisado o cenário para o milho, o superintendente do Imea, comenta que a princípio este ainda segue “um pouco mais complexo”, visto o produtor estar saindo de uma safra cara quando se diz respeito ao cereal.
“Se ele fizer a média, fizer tudo historicamente muito próximo do que a gente observa nos resultados, ele tem um Lajida negativo na próxima temporada. Ele tem que fazer os ajustes, reduzir custos, tentar focar na produtividade e ampliar ela, negociar os preços maiores do que a média. Se não, ele vai ficar com um Lajida negativo”.
A “cautela”, na avaliação do especialista, ainda segue como a palavra de ordem, onde o produtor terá de buscar meios “para conseguir obter os melhores resultados operacionais e poder melhorar essa rentabilidade e ficar no zero a zero ou até quem sabe conseguir resultados positivos”.
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