A safra 2023/24 continua sendo considerada a mais desafiadora da história da produção agrícola de Mato Grosso. Os efeitos das condições ainda são sentidos nas lavouras de soja e, de acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), nos ciclos futuros o produtor deverá pensar no decorrer e não no início da temporada.
O andamento da safra 2023/24 é um dos focos do bate-papo do programa Direto ao Ponto desta semana com a gerente de defesa agrícola da Aprosoja-MT, Jerusa Rech.
Mato Grosso, conforme Jerusa, teve um cenário muito diversificado em 2023 com chuvas no final e agosto e setembro, o que levou muitos a iniciarem a semeadura da soja cedo. Entretanto, os acumulados de chuvas registrados não foram suficientes para o que veio nos meses de outubro e novembro: redução das águas e altas temperaturas.
“Isso para o estado todo. Agora em dezembro, nas duas últimas semanas, as chuvas voltaram, porém as lavouras que haviam sido plantadas naquele início de setembro acabaram ficando comprometidas”.
Replantio e antecipação de ciclo
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que a atual temporada de soja é a com o maior percentual de replantio da história. Cerca de 6% da área destinada à oleaginosa precisou ser replantada.
Outro ponto observado, diante das condições climáticas provocadas pela presença do fenômeno El Niño, foi o encurtamento de ciclo.
“Como tivemos a maioria dos dias ensolarados e sem uma cobertura de nuvens, os ciclos acabaram encurtados. A gente observou [também] uma redução drástica do porte das plantas. Como cortou a chuva, e aliada as altas temperaturas, fez com que as plantas adiantassem muito o ciclo e tivesse uma fase vegetativa muito pequena”.
Levantamentos, realizados pela Aprosoja-MT e relatos de produtores, apontam que em algumas áreas as plantas chegaram à marca de 10 a 15 centímetros prontas para a colheita.
Soja plantada mais tarde
Segundo Jerusa, na soja semeada mais tarde há relatos de recuperação das mesmas com as chuvas que caíram nas últimas duas semanas de dezembro.
“A soja tem essa capacidade de recuperação, dependendo do estágio e perfil do solo. Mas, isso é muito relativo de área para área. A gente ainda não teve dentro do estado aquela chuva uniforme. E, também depende do material”.
A gerente de defesa agrícola da Aprosoja-MT pontua que a experiência que fica desta safra 2023/24 é a de que o produtor “vai ficar muito mais atento à questão das condições climáticas. Ele não vai pensar no início do plantio. Ele vai pensar no decorrer”.
Três cenários para o milho
A segunda safra de milho em Mato Grosso, salienta Jerusa, se desenha com três cenários: redução de área, diminuição do uso de biotecnologia e plantio fora da janela ideal.
“Vai ser uma safra que também deveremos ter muita cautela. Uma questão que nos preocupa são as condições climáticas”.
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