DIRETO AO PONTO

Aprosoja-MT: a conta não fecha nem para quem produziu bem

Situação atípica vivida no estado, segundo a entidade, pode afetar o comércio não haja um “socorro” por parte do governo federal

Detentor da maior área destinada para a produção agrícola brasileira, Mato Grosso vem sofrendo com os grandes impactos causados pelo fenômeno El Niño nesta temporada. Produtores, que estavam acostumados a colher médias de 65, 75 sacas por hectare, estão registrando médias de 21 sacas ou menos, insuficiente até para cumprir os contratos de barter.

A situação é considerada preocupante, conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, entrevistado desta quinta-feira (29) do programa Direto ao Ponto.

Além de orientar aos produtores quanto a renegociação, Lucas Beber salienta que a entidade solicitou ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) auxílio para os produtores do estado, em especial com linha de crédito.

O presidente da entidade frisa que se não houver um auxílio, um “socorro”, por parte do governo federal, as atuais circunstâncias podem afetar ao comércio, como as revendas, e até mesmo gerar casos de pedidos de recuperação judicial.

“É totalmente uma situação atípica, da qual o produtor de Mato Grosso está acostumado a viver. 2016 foi um ano difícil, mas a gente não viu tantos casos que foram prejudicados”.

Na avaliação de Lucas Beber, é preciso que o Tesouro Nacional olhe o setor com outros olhos, pois neste caso “seria um empréstimo”.

“É claro que você precisa de um subsídio na equalização de juros, porque a taxa atual é impagável. O produtor vai precisar de prazo para se recuperar. Se pedir para um ano só, ele não vai se recuperar. Porém, temos que pensar nos dois lados. Tanto do produtor quanto do comércio hoje”.

Conta não fecha para todos

Mesmo o estado vindo de quase três boas safras e alguns produtores conseguindo fazer uma “gordurinha”, possibilitando custear a produção com recursos próprios, hoje os cálculos mostram que até para aquele que produz bem a conta não fecha.

“Os cálculos do Imea estão aí. Hoje você precisa, nos preços que estão, em torno de 62, 63 sacas para pagar os custos. A partir do momento que o produtor acaba essa gordura é realista essa conta. Hoje, o produtor mesmo colhendo bem ele já não paga a conta. Imagina esse que não colheu”.

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