Os impactos econômicos da moratória da soja para o setor produtivo e a economia de inúmeros municípios mato-grossenses segue em debate pelo estado. Na avaliação da classe produtiva e lideranças políticas, o acordo comercial que restringe a comercialização da oleaginosa produzida em áreas convertidas legalmente após 2008 no bioma amazônico, mesmo o produtor respeitando o limite de converter apenas 20% nesse bioma, é “inadmissível”.
Novos debates ocorreram nesta terça-feira (28), em Cuiabá, em um seminário realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE). O evento atende a um pedido de cerca de 130 câmaras de vereadores do estado, que pedem apoio ao TCE em medidas contra acordo comercial.
Presidente do Sindicato Rural de Cláudia, Sérgio Dalmaso Ferreira, conta que a região possui mais de 50 produtores com propriedades localizadas no bioma Amazônia. Todos, segundo ele, estão proibidos de vender a produção de soja para as principais indústrias exportadoras do grão.
Sérgio Dalmaso comenta ainda, em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, que as multinacionais contam, inclusive, com fiscais “monitorando” as áreas.
“Já sabem mais ou menos às áreas. E, fica difícil para trabalhar. Eu acredito que será muito inviável para o produtor”.
Conforme o presidente do TCE, Sérgio Ricardo, o evento realizado tem como intuito debater o assunto. “O Tribunal de Contas quer ser um agente para fomentar essa discussão e harmonizar as relações, porque nós queremos um estado forte como um todo”.
Mato Grosso perde R$ 20 bi em arrecadação
De acordo com a Aprosoja-MT, entre os impactos econômicos provocados pela moratória da soja está a perda de R$ 20 bilhões em arrecadação no estado por ano.
“Primeiro passo é cortar os incentivos fiscais dessas empresas. Mas, o que nós entidades temos que trabalhar, o governo do estado e o governo federal é buscar novos mercados compradores. Atrair empresas para dentro do estado e dar incentivo para quem de fato é parceiro do produtor de Mato Grosso, porque não é justo eles imporem uma restrição tão grande dessas e o produtor não ganhar nada em troca”, frisa o presidente da Associação, Lucas Costa Beber.
A preocupação do setor produtivo hoje, pontua o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wisch, é que a moratória da soja avance do bioma Amazônia para todo o estado. Mato Grosso é detentor de três biomas. Além do Amazônico, fazem parte do estado os biomas do Cerrado e Pantanal.
“Nós temos áreas no município [de Canarana] que estão sendo abertas agora. Legalmente. Dentro do que a legislação permite o produtor fazer. Aprovando essa moratória, esse produtor vai perder tudo isso. Ele não vai poder utilizar nada na área dele. Quem que vai arcar com esse prejuízo?”, questiona Alex Wisch.
Nesta quarta-feira (29), durante o programa “Bom Dia, Ministro”, do governo federal, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, criticou a moratória da soja.
“Isso dá em torno de um milhão de hectares de produtores mato-grossenses que estão dentro da legalidade, estão dentro do seu direito e não conseguem comercializar com essas tradings. Quer dizer [elas estão] empurrando-os para a ilegalidade, ter que vender para corretores, fazer uma manobra para vender aquilo que é legal. é inadmissível isso”.
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