INFUNDADA E DESRESPEITOSA

Decisão do Carrefour desvirtua a realidade do setor agropecuário nacional, diz Famato

Conforme a entidade em nota, o posicionamento do CEO do Carrefour desconsidera o compromisso da pecuária brasileira com a sustentabilidade

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Foto: Ascom Famato

As declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre a empresa não comercializar mais carnes provenientes do Mercosul, incluindo do Brasil, foram classificadas como “infundada” e “desrespeitosa” pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). Para a entidade, a gigante do varejo “não apenas promove desinformação” ao associar a produção de carne brasileira a critérios inverídicos, como “fere a soberania brasileira e ignora a importância do Brasil como fornecedor estratégico de alimentos ao mundo”.

Em carta enviada ao presidente dos sindicatos agrícolas da França, Arnaud Rousseau, e reproduzida nas redes sociais, o CEO do Carrefour disse que em solidariedade aos agricultores da França frente à proposta de acordo de comércio livre entre a União Europeia e o Mercosul, a empresa de varejo quer formar uma frente unida com o mundo agrícola e assume o compromisso de não vender carne do Mercosul.

Conforme a Famato, em nota, a decisão do CEO do Carrefour “justificada por uma suposta preocupação com padrões de qualidade e sustentabilidade, desvirtua a realidade do setor agropecuário nacional, reconhecido mundialmente por sua eficiência, capacidade de atender exigências ambientais rigorosas e por ser referência no uso de tecnologias de baixo impacto ambiental”.

A entidade mato-grossense lembra que o Brasil possui uma das legislações mais rígidas do mundo e é o país que mais preserva o meio ambiente. A Federação ressalta que em Mato Grosso os produtores rurais preservam mais de 67% de suas áreas, ao mesmo tempo que é líder na produção de proteína vermelha, soja e milho.

“É lamentável que uma companhia com operações no Brasil, onde a pecuária gera milhões de empregos e contribui significativamente para o PIB, adote uma postura que atenda a pressões protecionistas europeias em detrimento do diálogo e do comércio justo”, diz a nota assinada pelo presidente Vilmondes Tomain.

A Federação destaca ainda que tal posicionamento do CEO do Carrefour “pode ser interpretado como parte de uma estratégia orquestrada para enfraquecer as negociações do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, utilizando pretextos infundados para sustentar interesses protecionistas de setores europeus”.

Em nota emitida na quarta-feira (20), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lamentou “postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações”.

A pasta do governo federal disse ainda que o seu posicionamento “é de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul – União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana”.


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