A baixa umidade no campo tem sido um dos principais gargalos dos agricultores de Querência, região nordeste de Mato Grosso, na implantação da safra de soja este ano. O município enfrentou uma estiagem prolongada de sete meses.
A situação acabou prejudicando o desempenho das plantadeiras, atrasando não só a semeadura da oleaginosa, como também todo o restante do planejamento das culturas subsequentes programadas para a temporada.
Segundo os produtores da região, as chuvas voltaram a cair nas últimas semanas com volumes expressivos, trazendo um certo alívio ao setor produtivo, que agora torce pela manutenção da água no solo para concluir com segurança os 30% restantes dos 430 mil hectares estimados, bem como evitar o risco de mais perdas nas áreas plantadas.
Agricultor na região, Olimar Schneider, conta ao Patrulheiro Agro desta semana que a primeira chuva neste ano foi fraca e aconteceu no início de outubro, acumulando somente 15 milímetros.
“Foi uma seca muito grande para a região que não está acostumada com esse período tão seco. Tivemos em algumas áreas que a planta demorou cerca de 15 dias para sair da terra. Faltou umidade, a avaliação vai ser feita daqui 10, 15 dias para saber como a soja saiu, como vai estar o estande, qual a expectativa de produção nela, se vai ser só algodão ou deixar essa soja aí e tentar uma safra de milho na segunda safra”, diz.
Nesta temporada a família Schneider pretende semear 2.150 hectares de soja em Querência.
Nos últimos cinco dias as chuvas voltaram a cair no município, com volumes considerados expressivos trazendo um certo alívio aos agricultores. Agora, eles esperam pela manutenção da água nas lavouras para tentar minimizar e evitar mais perdas nas áreas plantadas.
“Tivemos duas chuvas aqui de 200 milímetros, mas se começar a estiagem de novo, teremos mais prejuízos. Nós temos uma soja de 110 dias… Precisa de chuva até os 100 dias da cultura e tínhamos uma expectativa de 80 sacos nesta área. Ela está preparada para isso, está adubada para isso, a semente é para isso só que estamos dependendo da situação climática”, explica Olimar.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Querência, Osmar Frizzo, a chuva que atrasou veio irregular e com baixa intensidade. Alguns produtores da região arriscaram no plantio e tiveram perdas.
“As vezes compensa deixar uma lavoura com um estande um pouco ruim do que replantar, então vai ter muitas lavouras dos que plantaram com o estande meio ruim. Certamente não vai ter uma produção tão boa, existe uma perda entre 10%, 15%, mas agora essa soja que vai plantar daqui para frente vai vir bem, então esse impacto nós vamos analisar no decorrer do tempo”, pontua.
De acordo com o Sindicato Rural, o município de Querência deve cultivar nesta safra cerca de 430 mil hectares de soja.
“Já tem 70% da área plantada. O plantio está atrasado em comparação com os outros anos e isso vai impactar com certeza na segunda safra e tem produtor que já se antecipou e comprou semente de milho e alguns que fizeram isso, estão pensando em cancelar o pedido”, afirma.
Ele ainda explica que está pensando em cancelar cerca de 500 hectares, em que iria plantar a semente de milho, para não colocar o cereal em uma janela de risco e diz que alguns produtores, irão investir em outras culturas como o feijão.
Áreas de sequeiro prejudicam algodão
O agricultor Valmir Schneider possui área irrigada e área de sequeiro. As áreas com pivôs, estão normais, mas as de sequeiro prejudicaram a safrinha de algodão.
“A gente tinha planejado plantar 1,7 mil hectares de algodão na safrinha, mas vamos cair para uns 1,3 mil, por causa da falta de chuva. O algodão tem que ser plantado até dia 15, 20 de janeiro no máximo e tem áreas que vão plantar no final de janeiro… Vai atrasar o plantio e com certeza a produtividade vem menor”, finaliza.
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