PATRULHEIRO AGRO

Chuvas castigam estradas no médio-norte e ligam o alerta para a colheita

Em Sorriso produtores e caminhoneiros já enfrentam situações de deterioração do asfalto e atoleiros por conta das chuvas

O volume de chuvas nos últimos dias em Mato Grosso além de dificultar a entrada de máquinas em campo para a colheita da soja, também vem dificultando o escoamento do grão. Na região médio-norte do estado, caminhoneiros e produtores já enfrentam problemas com o escoamento da safra pelas estradas vicinais, que estão sendo duramente castigadas pelo excesso de chuvas. Em algumas já há lentidão e caminhões atolando.

O produtor de Nova Ubiratã, Nathan Belusso, relembra que na safra passada no mesmo período chegou a ficar 10 dias sem conseguir colher a soja em decorrência das chuvas, o que ocasionou em perdas.

“Este ano a chuva está atrapalhando novamente. Estamos há dois dias sem colher. É um desafio. Praticamente todo o ano temos esse desafio”, frisa ele ao Patrulheiro Agro desta semana.

Conforme Nathan, a cada trégua das chuvas, estiada no tempo, eles tentam entrar com as máquinas em campo para tirar o grão da lavoura.

Dessecação escalonada para colher a soja

Até o momento, Nathan conseguiu colher pouco mais de 500 hectares de soja em meio aos 2,5 mil cultivados nesta temporada 2024/25. Somente de área irrigada são 1,5 mil hectares plantados. Para que a colheita ocorra diante da situação, a alternativa escolhida para evitar perdas foi a dessecação escalonada.

“Como no ano passado tivemos esse problema e perdemos muita soja, este ano buscamos escalonar a dessecação para que as áreas não chegassem todas de uma vez. Essa mesma estratégia vamos utilizar para as áreas de sequeiro, buscando não ter uma concentração de áreas para colheita e, consequentemente, evitar essa perda nas chuvas. É uma preocupação que temos”, diz a reportagem do Canal Rural Mato Grosso.

O produtor de Nova Ubiratã comenta ainda que devido ao atraso das chuvas na época do plantio, muitos produtores aceleraram a semeadura, quando elas finalmente chegaram, para tentar encaixar a janela do milho. E agora como consequência tais lavouras vão chegar juntas no ponto de maturação e colheita.

“Então é uma estratégia que o produtor pode utilizar. Adiantar a dessecação em alguns pontos, atrasar para outros para tentar mitigar o efeito da chuva na hora da colheita. Esse ano fechamos os custos bem elevados comparados com outros anos. A margem, se não tivermos uma boa média, é uma margem negativa. Temos que redobrar a atenção, cuidar bem na hora da colheita. É um pouco cedo para falar de média geral. Estamos nos aproximando de 20% da colheita. Esperamos que tudo ocorra bem e que consigamos uma boa safra”.

Pouca luz e excesso de umidade

Em Sorriso, as previsões de muita chuva nos próximos dias tem sido a maior preocupação dos produtores. Produtor no município, Pablo Felippeto revela ter iniciado recentemente a colheita da soja 2024/25. Segundo ele, cerca de 5% apenas da área foi colhida.

“Nós temos 95% da área para colher. A gente percebe que com esse tempo muito chuvoso e com pouca luz atrapalha o enchimento do grão. As aplicações não ficam tão boas, porque muita chuva lava o produto da planta e a doença começa a proliferar mais rápido”.

Conforme Pablo, a genética colocada nas sementes impulsionou a produtividade das cultivares, entretanto “eu acredito que a gente vem perdendo rusticidade. A soja acaba ficando mais suscetível a estragar com o tempo chuvoso, embora a gente venha fazendo um protocolo de fungicida muito pesado. Mas, mesmo assim, a chuva, a umidade, estraga o grão rapidamente”.

Chuvas castigam estradas vicinais

Outra preocupação na região médio-norte nesta safra é com o escoamento da produção. As estradas vicinais com o excesso de chuvas já começam a apresentar avarias. Em algumas situações mais críticas, já é possível observar lentidão e transtornos para quem precisa transportar os grãos das fazendas até os armazéns.

De acordo com o caminhoneiro Júlio César Soares, em tempos de chuvas é preciso se informar antes de ir para a região visando evitar transtornos.

“Isso que eles cuidam bastante daqui, mas mesmo assim, chovendo muito ela deteriora bastante. Tem que cuidar, senão daqui a pouco o que sobra vai tudo em manutenção”, pontua ele ao Canal Rural Mato Grosso.

Também caminhoneiro, Everson Luiz Bardini destaca que é “sofrido” passar nesta época do ano por tais estradas. “Caminhoneiro aqui sofre. Sofre nós, sofre os fazendeiros”.

O produtor Pablo Felippeto comenta que recentemente tiveram dificuldades para entregar um lote de soja. “Tínhamos que entregar até o dia 10 e deu um transtornozinho. Alguns caminhões atolaram”.

O presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Diogo Damiani, salienta que com o excesso de chuvas “as estradas acabam se deteriorando”.

“Isso é normal de acontecer. A gente precisa de ao menos uma semana, uns 10 dias ensolarados para que a nossa Secretaria de Transportes consiga fazer os trabalhos para melhoria dessas estradas. Eles estão atentos. Já entramos em contato com eles. Estão com todas as equipes de prontidão”.

Nesta safra 2024/25 foram cultivados em Sorriso quase 600 mil hectares, segundo o Sindicato Rural.

“Precisamos de cascalheiras legalizadas. Não é de qualquer cascalheira que a gente consegue retirar. Vamos fazer um levantamento com o produtor também para que possamos fazer a legalização dessas cascalheiras para que fiquem disponíveis para que sejam utilizadas para a manutenção dessas estradas”, pontua Diogo.

Em entrevista ao Patrulheiro Agro, o secretário de Obras e Serviços Públicos de Sorriso, Milton Geller, comenta que no município o volume de chuvas registrado em 2025 já superam janeiro de 2024.

“Sabemos da dificuldade e estamos preparados para atender a demanda e fazer os enfrentamentos para darmos trafegabilidade para o nosso produtor”, salienta.

O secretário conta que nos últimos quatro anos mais de R$ 40 milhões foram investidos na aquisição de maquinários.

“Adquirimos uma estrutura, uma frota nova. Compramos mais de 18 caminhões, 18 caminhões basculantes e uma usina de CBUQ de 60 toneladas a hora. Poucos municípios no estado tem a estrutura que nós temos hoje na Secretaria de Obras e na Secretaria de Transportes. Assim que o tempo der uma colaborada vamos estar com equipes fortemente equipadas para resolvermos a trafegabilidade e melhorar a infraestrutura aqui no nosso município”, afirma o secretário.

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