PATRULHEIRO AGRO

Chuva castiga MT-322 e pode travar o escoamento no extremo norte de MT 

Produtores, empresários, motoristas e lideranças indígenas cobram melhorias e a pavimentação total da rodovia estadual

 As chuvas no extremo norte de Mato Grosso, além de causar perdas na soja, estão duramente castigando alguns trechos da MT-322, considerada a principal via de escoamento da região. 

Produtores, empresários, motoristas e lideranças indígenas cobram melhorias e a pavimentação total da rodovia estadual, que hoje conta com aproximadamente 124 quilômetros de extensão com atoleiros entre os municípios de Peixoto de Azevedo e São José do Xingu, passando dentro do território do Xingu e das terras indígenas Capoto Jarina.

O empresário João Fernandes da Silva, conta ao Patrulheiro Agro desta semana que estão com muita soja na região e que essa situação não pode acontecer. “Governador, pelo amor de Deus é o único lugar do Brasil que ainda existe isso”. 

Em alguns trechos a estrada está bastante castigada pelo excesso de chuvas, aumentando a dificuldade dos motoristas. 

Alguns, acabam presos na lama precisando de ajuda para terminar o percurso da viagem. O caminhoneiro Edgar José Fortuna, conta que passou mais de um dia para rodar 25 quilômetros. 

”Nós tivemos embarques esse ano que tivemos que ficar dois dias embarcados. Tivemos que descarregar os animais em fazendas de terceiros para que eles pudessem se alimentar, beber água, carregar novamente para chegar aqui ao destino e fazer o abate. Então, o animal na data de embarque e data de abate demoraram seis dias”, diz o empresário Milton Bellincanta. 

Ele ainda explica que o padrão da carne cai muito e perde valor, perde mercado, devido às condições do trânsito da estrada. 

“Então você vê o prejuízo que isso causa tanto para as escalas aqui da indústria como para o próprio produtor”, explica Milton. 

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O Distrito de União do Norte tem aproximadamente 12 mil habitantes e fica às margens da MT-322. Ele pertence ao município de Peixoto de Azevedo. 

De acordo com Maria Souza Ramos que também é empresária, todo o comércio do distrito sente os impactos causados pela falta de manutenção nas estradas. 

“As pessoas passam aqui, passam no comércio, fazem uma compra para comer no trajeto e até chegar em São José… Já fica sem, o pessoal fica ilhado. Esses dias o movimento caiu 50% e é difícil porque não dá nem para imaginar Já chegou dia de não ter nenhum hóspede”, ressalta. 

Escoamento de grãos enfrenta lentidão

O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), explica que com menos de 5% das lavouras colhidas já estava praticamente intransitável na região. “Nós estamos aí ainda com mais de 90% das lavouras para ser escoada e essa é a realidade nossa”. 

Richelli Bruno Galiassi Cotrim é agricultor e está na região há mais de oito anos e diz que este ano foi o único em que tiveram problemas com a estrada. Isso porque, em 2024 foi um ano de seca. “Os outros 7 anos a gente sempre sofreu com essa estrada”.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O Grupo Rosseto Cotrim cultivou nesta safra 6 mil hectares de soja na região.

“Eu acredito que se não tiver uma força tarefa emergencial para acudir esses pontos o quanto antes, muita gente vai perder a lavoura em cima do caminhão, ele vai colher e não vai conseguir tirar, os caminhões não vão passar. A estação chuvosa é fevereiro, março, abril e ainda chove bem para gente. Então a gente tem ainda três meses de chuva”, pontua Richelli. 

O agricultor Jandir Sima conseguiu colher pouco mais de 30% dos 3.450 hectares de soja cultivados nesta temporada.

“A gente tem uma associação que vem trabalhando em cima dessa estrada faz tempo com o recurso dos próprios fazendeiros aqui da região, o pessoal que mora na MT-322. Está intransitável a estrada não tem como retirar o grão, todo dia tem que entrar e sair caminhões dessa MT, e são muitos caminhões por dia”, explica.   

A reivindicação na região é pela pavimentação de aproximadamente 124 quilômetros de extensão da MT-322 entre os municípios de Peixoto de Azevedo e São José do Xingu, passando dentro do território do Xingu e das terras indígenas de Capoto Jarina.

Milton diz que esse foi o intuito que fizeram junto ao governador Mauro Mendes e lideranças indígenas. 

“Nós produtores da associação, diversos prefeitos do Vale do Araguaia, diversos vereadores, para que consigamos junto a Funai, junto ao Ibama que haja um destravamento desse ofício de qual a Sema-MT foi notificada dando conta de que os licenciamentos ambientais para obras aqui na rodovia dependam do Ibama e não mais da Sema-MT. E os indígenas também são a favor da pavimentação”, conta. 

O líder indígena Raoni Metuktire afirma ter falado com o governador do estado. 

“Eu quero que aconteça esse asfalto, arrumar a estrada é emergencial e eu estou aqui para falar de novo. Quero pedir ao Ibama e a Funai para poder ajudar a autorizar, porque está muito ruim e eu quero uma estrada boa para poder sair com o paciente da gente e não é só um paciente, é muita gente”, frisa Raoni. 

A equipe de reportagem do Canal Rural Mato Grosso entrou em contato com a Secretaria de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra-MT)

Confira a nota na íntegra: 

“O Governo de Mato Grosso informa que já tinha iniciado o processo para asfaltar o trecho da MT-322. Porém, o Ibama requereu a suspensão do processo para sua própria análise de licenciamento. Em relação a manutenção, a secretaria irá protocolar nos próximos dias um pedido de licença junto ao Ibama para realizar ações emergenciais, uma vez que também é necessária a aprovação do órgão federal para a realização do serviço”. 

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro


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