A irregularidade das chuvas em Mato Grosso tem sido o centro das atenções em muitas propriedades, neste início de plantio de soja. O cenário observado nesta temporada tem despertado apreensão de quem tem planos para o milho segunda safra, que pode perder espaço em regiões onde o cereal tem histórico de risco se plantado fora do período recomendado.
Isso porque existem duas situações nesse momento: a primeira é a de generosidade, favorecendo a aceleração dos trabalhos das plantadeiras em algumas áreas e a de vilã, bem modesta, entregando pouca água e atrasando o desempenho da semeadura.
Em Paranatinga, região sudeste do estado, o agricultor Luciano Cadore conta que neste ano os custos estão muito apertados e que não podem errar. Ele diz ao Patrulheiro Agro desta semana, que já plantou em torno de 70% da sua área total.
“Eu tenho áreas que faltam para eu plantar que eu nem dissequei ainda porque não tinha umidade. O ano passado também foi um ano difícil então está meio parecido com o ano passado, só o início que está um pouco pior”, diz Luciano.
Nesta safra, Luciano deve plantar em torno de três mil hectares de soja.
“Acredito que vamos prolongar mais uns 15 dias de plantio, isso impactou na janela do milho safrinha. A área com certeza vai diminuir e a gente tem que plantar uma área, dentro da janela, que vai ser em torno de uns 50% da área e olhe lá”, comenta.
O presidente do Sindicato Rural de Paranatinga, Carlinhos Rodrigues, explica que em algumas regiões do município, alguns produtores já possuem 100% da área plantada e outros estão começando o plantio.
O município de Paranatinga deve cultivar nesta temporada pouco mais de 400 mil hectares de soja, segundo o Sindicato Rural.
“Você plantar um material aí de ciclo semi precoce, pensando em uma segunda safra de milho vai ficar muito fora da janela. E nesse caso aí o milho vai diminuir muito, o pouco que já se tem, vai diminuir bastante a área que vai plantar de milho. Então, vem mais um problema para quem confina, ou trata a pasto com milho”, pontua o presidente.
A irregularidade da chuva também causa incertezas em relação a escolha do milho como principal cultura para a segunda safra em Água Boa, região nordeste do estado.
No ano passado a cultura ocupou aproximadamente 35 mil hectares no município perdendo espaço para o gergelim, a estimativa do Sindicato Rural é uma redução ainda maior nesta temporada.
Conforme Geraldo Delai, presidente do Sindicato Rural de Água Boa, não foram vendidas muitas sementes de milho. Ele explica que, de acordo com os meteorologistas, será um ano normal.
“Quando falam que será um ano normal, a chuva vai cortar em abril e se não tiver a chuva de maio aqui, as produtividades do milho para nós serão menores, hoje já está na janela de risco e continua perdendo espaço para o gergelim apesar do gergelim ter baixado de preço”, pontua.
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