PATRULHEIRO AGRO 

Discussão sobre mudança do teor de umidade na classificação de soja preocupa produtores de MT

Segundo a Aprosoja-MT,  aprovação pode trazer prejuízos bilionários para o país e o estado 

A redução do teor da umidade na classificação de grãos de soja pode trazer um impacto significativo para o setor, caso seja aprovada. Diante do atual cenário de perdas significativas na safra 2023/24 provocada pelo El Niño, mudar o teor de 14% para 13% pode trazer prejuízos bilionários para o país e para Mato Grosso – maior produtor de soja do Brasil. 

A preocupação com a possível mudança no teor de umidade da classificação de soja é o tema do Patrulheiro Agro desta semana. 

Foto: Reprodução

De acordo com o ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, considerando que o produtor não tem armazenamento dentro das suas propriedades, isso piora ainda mais a situação. 

“A ordem de prejuízo que o produtor terá a nível Brasil é de mais de R$ 6 bilhões, só em Mato Grosso são quase R$ 2 bilhões. Nós temos as nossas equipes técnicas trabalhando na classificação de grãos há muito tempo. Temos outros pontos que teriam que ser discutidos,  que é com relação a avariados, ardidos, os  percentuais. A classificação hoje é subjetiva e vem essa bomba aí, falar de teor de umidade e sem consultar a base, é um absurdo que vai trazer prejuízo ao produtor”, explica. 

O agricultor Jorge Schinoca, na região de Jaciara, ao sudeste do estado, cultivou 3.100 hectares de soja na propriedade. Ele diz que se a redução for aprovada, serão de 1.500 a 2 mil sacos de soja a menos. 

“Nós temos padrões de 13% nos Estados Unidos e na Argentina mas são outras realidades de colheita e de clima. O Brasil é 14% e o nosso principal mercado é a China, e a ela não exige 13%, exige 14%,. A gente fica muito preocupado com essa situação, é dinheiro que está sendo tirado do bolso do produtor”, pontua. 

O presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, destaca que isso não pode ser aceito. Para ele, o Ministério lavou as mãos.

“Eu falo sim que é problema do MAPA, que tem que regulamentar o grau de umidade, quando quebra, a ciência fala que é 1.15 aplicação do desconto quando tem que fazer, sempre no sub total, começando com a impureza porque ela já tem umidade, começando com avariado quando tiver que ela tem umidade, e aí você vai tirar realmente a umidade do que é a soja, a gente toca aquele projeto em que se obriga a se aplicar os descontos corretos e reais, nós não queremos nada o que é dos outros, mas chega de entregar o que é nosso para eles”, destaca. 

A equipe de reportagem entrou em contato com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), uma das empresas que são favoráveis à redução. 

Confira nota da íntegra: 

A indústria concorda com o nível de umidade da soja em 13%. Esta definição vai em linha com os estudos técnicos de conservação e armazenagem apresentados em seminários da Embrapa Soja e do próprio MAPA. A redução do teor de 14% para 13% é de suma importância, pois otimiza as melhores práticas de conservação do produto preservando suas qualidades por mais tempo, gerando ganhos econômicos e operacionais a toda cadeia produtiva. Além disso, permite o alinhamento da norma brasileira às normas internacionais, como a da China – principal comprador da nossa soja em grão.


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