Uma região que quase não tem água. Essa é a situação de um assentamento no alto Pantanal mato-grossense. O problema só foi resolvido após os produtores aceitarem a proposta de construir barragens para alimentar um dos poucos lençóis freáticos da região.
A situação vivida na região pelos produtores é o tema do quarto episódio da nova série do Canal Rural, MT Sustentável.
O assentamento está localizado dentro do município de Cáceres, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Em que pese o fato de a região estar dentro do Pantanal, a falta de água é um problema crítico.
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A escassez hídrica fez vários produtores desistirem da terra, porém muitos ficaram, como é o caso do pecuarista João Rezende Silva. Segundo ele, em quase todos os lotes foram perfurados poços. Alguns com até 400 metros de profundidade, mas o resultado sempre foi o mesmo: nada de água. E, quando encontravam era salobra.
“Eu vim para cá porque não tinha outra alternativa. A gente tinha o sonho da terra e a terra era difícil de ter”, comenta João.
Região de formação calcária dificulta captação de água
O engenheiro agrônomo da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Jacson Ferreira da Silva, explica que a região está sob a formação calcária e nela há muitas cavernas subterrâneas.
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“Muitas galerias abertas por essa formação calcária, que faz com que essa água escorra nas galerias e quando você tenta perfurar um poço a broca quando chega nesse vácuo se perde”, explica Jacson.
Um milagre onde menos se esperava
O assentamento só se tornou viável por causa do lote. Ele é o único lugar, numa área de aproximadamente sete mil hectares, onde foi possível encontrar água potável.
Um poço caipira, como é chamado, perfurado manualmente e com uma profundidade de 13 metros. Ele fica na propriedade do pecuarista João Rezende Silva. E, um detalhe chama ainda mais a atenção. O produtor chegou atrasado na época do sorteio dos lotes e acabou ficando com a “sobra”, sem saber que estava sendo premiado.
“É um milagre. E, desse milagre eu comecei a ceder água para oito famílias, depois para 50 e hoje são cerca de 160 famílias, fora a fazenda”, conta João.
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Apesar da alegria, veio a preocupação se as cacimbas (escavação rasa) dariam conta do abastecimento.
A solução veio após muita pesquisa do engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Samir Curi, através de um projeto com nome bem sugestivo: Plantando Água.
“A gente teria que captar água em toda microbacia e essa água captada é através de bacias de contenção de enxurradas, as chamadas barraginhas”, diz Samir.
Nos arredores de onde é captada a água foram construídas 68 barraginhas com apoio e parceria de várias instituições públicas. Na propriedade do pecuarista Gilmar Ayala são duas. Além de ajudar na reposição da água do lençol freático, também serve para o gado.
“Conseguimos água para o gado, para o uso de casa. Então, Graças à Deus fomos conquistando as coisas no dia a dia”.
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