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‘O mundo precisa remunerar as florestas pelo serviço que ela presta’, diz IPAM

Na opinião de especialistas não há mais como desassociar a questão econômica da ambiental

Cerca de 90% da agricultura brasileira, da pecuária, das pastagens não são irrigadas, dependendo assim o setor produtivo de ciclos naturais de chuva. E, conforme especialistas, no caso da América Latina depende-se da Amazônia, da vegetação nativa, para esse processo de reciclagem e de disponibilidade de água, ou seja, chuva no momento em que mais se precisa: o de produzir alimentos.

Mato Grosso é o estado que mais produz grãos e fibras do país e a cada dia se destaca também pelo pioneirismo na busca incessante de uma agricultura cada vez mais sustentável.

O assunto foi o tema da “Live MT Sustentável – Florestas protegidas: O papel vital da agricultura sustentável”, do projeto MT Sustentável, do Canal Rural Mato Grosso na noite desta quarta-feira, 17 de julho. Data essa, inclusive, em que se comemora o Dia da Proteção às Florestas.

O bate-papo foi comandado pelo apresentador do Canal Rural Mato Grosso, Olmir Cividini, e contou com as presenças da secretária adjunta de Gestão Ambiental da Sema-MT, Luciane Bertinatto Copetti, do diretor-executivo da Central Sicredi Centro Norte, Seneri Paludo, e do diretor-executivo do IPAM, André Guimarães.

Os três entrevistados fizeram um Raio-X sobre a preservação das florestas e áreas de vegetação nativa de Mato Grosso.

Secretária adjunta de Gestão Ambiental da Sema-MT, Luciane Bertinatto Copetti, ressaltou que Mato Grosso “é um estado riquíssimo, que produz e preserva” e que “isso é uma aliança de bons negócios”.

“Mato Grosso hoje com toda a sua proporcionalidade, representatividade a nível nacional de produção, ainda tem 60% das suas áreas protegidas. Às vezes os questionamentos se dão porque uma propriedade pode ter aberto um pouco mais do que deveria, mas através do Cadastro Ambiental Rural (CAR), hoje isso está sendo corrigido”.

Remuneração pela preservação

Conforme o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), André Guimarães, é preciso entender que as florestas são parte intrínseca do sistema produtivo brasileiro, pois são elas que promovem a reciclagem e a disponibilidade de água na hora em que mais se precisa.

“Tudo isso, essa organização é feita pelas florestas. O Brasil sendo Brasil, um dos maiores produtores de commodities agrícolas do planeta terra, fomos abençoados de ter solos agricultáveis, planos, mecanizáveis, de qualidade. Temos insolação por sermos um país tropical e temos essa bomba d’água que se chama Amazônia, que está fazendo a água circular”.

André reforçou ainda que “essas florestas são importantes para o planeta também”, pois a Amazônia, por exemplo, armazena em emissões de gases de efeito estufa o equivalente a todos os países do planeta.

“Isso dá um pouco da dimensão da importância da Amazônia para o planeta. Então, preservar florestas é importante para a nossa agricultura, que alimenta, segundo o Ministério da Agricultura, mais de um bilhão de pessoas todos os dias”.

Hoje no IPAM são realizados inúmeros estudos, pesquisas e realizados projetos, como o “Conserve”, que está remunerando produtores de Mato Grosso e do Pará pela manutenção de florestas para além do exigido pelo Código Florestal.

“Ou seja, estamos apoiando aqueles proprietários que ainda possuem reservas que poderiam ser desmatadas legalmente. Manter a floresta é importante para alimentar o planeta, para o PIB brasileiro e é importante para a estabilização do clima do planeta”.

O presidente do IPAM frisou ainda que “alguém tem que pagar essa conta. Não dá para ficar apenas nos ombros dos brasileiros. Acho que a gente já faz muito, mas o mundo precisa prestar a atenção e remunerar as florestas pelo serviço que ela presta para o planeja”.

Questões econômicas e ambientais andam juntas

Na avaliação do diretor-executivo da Central Sicredi Centro Norte, Seneri Paludo, a sociedade precisa entender que hoje “não dá para a gente desassociar a questão econômica da questão ambiental”.

Segundo ele, isso é um trabalho que a instituição financeira vem fazendo, uma vez que envolve a “vida terrestre”, também.

“Quanto mais o sistema financeiro trabalhar junto com os produtores rurais, olhando esse pilar dessa cadeia como um todo, de você ter uma gestão sustentável de todos os tipos de florestas, é super importante”.

O Sicredi, salientou o diretor-executivo, a cada dia vem buscando linhas que venham auxiliar na promoção da conversão, conservação e recuperação dessas áreas, à exemplo da região de Rondonópolis, no qual há um projeto voltado para a recuperação de nascentes em propriedades rurais.

“E, eu acho que a gente tem um segundo passo para ser dado, que ainda não estamos, que é a beneficiar através de uma análise de crédito quem está fazendo além. Ou seja, talvez até dar um diferencial de taxa de juros, por exemplo, ou acesso de mais recursos”.

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