Muvuca. Termo usado para aglomeração, mistura, confusão e até mesmo para diversidade de sementes em uma mesma área. Em Mato Grosso e em outros estados, propriedades rurais nos últimos anos vêm utilizando a muvuca de sementes como alternativa para recompor áreas de floresta.
É o caso do grupo Amaggi, que escolheu a alternativa para recuperar áreas degradadas ou alteradas. Segundo o grupo, fazendas em Mato Grosso e Rondônia já experimentaram a técnica, que tem como intuito enriquecer o banco de sementes com espécies nativas e deixar que a natureza recomponha as áreas de preservação permanente.
O uso da muvuca de sementes é o assunto desta semana do episódio 56 do MT Sustentável.
A implantação da muvuca de sementes nas propriedades do Grupo Amaggi teve início em 2019. Na época a técnica foi implantada em apenas sete hectares, conta o analista socioambiental Paulo Mariotti. Já em 2022 passaram a contar com 35 hectares restaurados e em 2023 adicionaram mais 96 hectares.
“Então, hoje nós temos 131 hectares restaurados com muvuca de sementes”, frisa o analista socioambiental da Amaggi.
Amaggi usa espécies nativas, milheto e leguminosas
Na muvuca se pode encontrar espécies nativas como o caju, pequi, aroeira, angico, ipê, entre outras, além de sementes de milheto e algumas leguminosas que servem para adubação verde. Misturadas com areia, são lançadas ao solo para restaurar a vegetação em áreas degradadas ou alteradas.
“É um jeito de você aproveitar os processos naturais. De sucessão ecológica das espécies e você, única e exclusivamente, age alimentando o banco de sementes daquela área. Então, você faz uma mistura de sementes, de adubação verde, de espécies florestais pioneiras, secundárias e mais tardias e coloca no solo para dar um subsídio para ele iniciar o processo de regeneração natural daquela área”, explica Paulo Mariotti ao Canal Rural Mato Grosso.
A técnica implantada pela Amaggi foi realizada em três fazendas em Mato Grosso e uma em Rondônia. A propriedade em Primavera do Leste é a mais recente a receber ela. O objetivo por lá é ampliar a área de preservação permanente. Logo atrás da mata há um curso d’água que faz divisa com a fazenda.
Na fazenda localizada na região sudeste de Mato Grosso foram semeados cinco hectares e utilizados 430 quilos de semente. O plantio foi à lanço e manual. Agora, cinco meses após a semeadura, o resultado observado é um solo todo coberto por uma densa camada verde.
O analista socioambiental da Amaggi pontua que quando a semeadura com a muvuca de sementes é feita e logo chove, em três dias no máximo começam a aparecer as primeiras germinações daquelas espécies de adubação verde.
“Então, com um ano, dois anos, essa área já têm condições de por conta própria seguir o seu curso natural e atingir os seus níveis de restauração. Nós trabalhamos com uma base de dez anos, que hoje é o prazo que o órgão ambiental dá para você ter o seu processo de restauração, atingir os índices necessários para se dizer recuperada”, salienta Paulo Mariotti.
Eficiente no aspecto ambiental e social
Se a técnica se mostra eficiente do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, no aspecto social não é diferente. As sementes das espécies nativas são adquiridas da Rede de Sementes do Xingu. A associação reúne cerca de 600 coletores em 19 municípios mato-grossenses e três áreas indígenas e gera renda para índios, quilombolas e pequenos agricultores assentados.
“[A técnica] está demonstrando que o agronegócio tem essa preocupação com o meio ambiente, com o equilíbrio que tem que existir entre a produção e a preservação da natureza. É gratificante isso. Não só por restaurar essas áreas, mas por saber também que nós estamos contribuindo com essas famílias que coletam essas sementes, para que eles possam ter uma condição de vida melhor também”, diz o analista socioambiental.
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