Nova técnica de manejo em colmeias permite uma apicultura mais branda, sustentável e produtiva. Assim, as abelhas ficam calmas até quando é feita a extração do mel ou, quando envolve trabalhos em volta das colmeias.
O método não interfere na rota das abelhas e utiliza pequenas quantidades de fumaça, um dos princípios básicos no manejo. Essa técnica foi apelidada de ‘método recuo’, desenvolvido pela professora, técnica em agropecuária e apicultora, Clarice Sauressig.
A paixão por abelhas começou quando criança, mas se tornou profissão há mais de 14 anos quando fez o primeiro curso na área.
Ela conta ao MT Sustentável dessa semana que, abelhas desestressadas não atacam e produzem mais. Clarice tem ensinado essa técnica em assentamentos de agricultura familiar e aldeias indígenas para a segurança alimentar e renda com a produção de mel nas comunidades.
“Identifico a rota de entrada e vou por trás dela. Nunca interfiro na rota. Se eu interferir, as operárias entram em agressão e vêm as guardiãs e o restante da colmeia para defender. Com a fumaça lenta, sem agressão. Elas reconhecem a fumaça, acham que há fogo e removem a rainha do meio dos favos, posicionando-a na entrada”, detalha a professora.
O instinto de sobrevivência da abelha híbrida africanizada, conhecida como abelha assassina, motiva seu comportamento defensivo, explica a professora.
Plantações dependem das abelhas para produzir
Na propriedade da Clarice, será plantada abóbora cabotiã, uma cultura que depende das abelhas para produzir.
Com a aplicação da fumaça, em instantes, as abelhas recuaram para a entrada da colmeia, permitindo a extração dos favos.
A principal vantagem do método é que as abelhas voltam a trabalhar 20 minutos depois, enquanto na forma tradicional, levariam até quatro dias, interferindo na produtividade da colmeia.
Trabalho em assentamentos e aldeias indígenas
O conhecimento com as abelhas têm auxiliado pequenos produtores em assentamentos e aldeias indígenas do baixo e médio Xingu. O mel produzido não só contribui para a segurança alimentar dessas comunidades, mas também se tornou uma fonte importante de renda.
Jarliel Alves da Silva é estagiário da Clarice há seis meses. Ele é filho de agricultores de um dos assentamentos onde o ‘método recuo’ é ensinado. Junto com a professora, ensina como lidar com as abelhas há 35 famílias de assentados.
“Já consigo repassar um pouco do ensinamento que ela me passou sobre a tranquilidade das abelhas e como lidar com elas. Ainda tenho muito a aprender “, comenta Jarliel.
Reconhecimento e expansão internacional
O reconhecimento veio em forma de convite da Embaixada de Camarões no Brasil. Clarice afirma que está contente em poder levar sua técnica para um país africano. Ela viaja em fevereiro de 2025.
“Estou encantada porque vou para o mundo das abelhas africanas. Vou lidar com elas puras. Sempre desejei conhecer mais sobre a abelha africana, pois ela não tem doenças apícolas e tem uma resistência muito maior. Vou passar meu método lá e trazer uma imensa carga de conhecimento”, finaliza.
*Texto corrigido por Ana Moura.
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