No município de Sorriso, médio norte de Mato Grosso, a Granja Canossa produz proteína animal e ainda faz o reaproveitamento de forma sustentável. Dejetos são transformados em biofertilizante, biogás e energia elétrica. E a sobra de energia elétrica é vendida e vira fonte de receita que paga boa parte das contas da granja, uma vez que os suínos vivem no conforto do ar condicionado.
O proprietário da granja, Itamar Canossa, há 22 anos deixou o estado natal, Santa Catarina, para continuar nas terras mato-grossenses o trabalho que aprendeu com o pai. Ele conta que na região, não havia mais espaço para ampliação de produção.
A Granja Canossa é o tema do MT Sustentável desta semana.
“Santa Catarina é um estado, tradicionalmente, produtor de suínos. Só que na época havia saturado, não havia mais espaço de ampliações. E como eu pretendia continuar na atividade, de família, necessariamente eu tive que sair de lá. O Mato Grosso, na época, em 2000/2001 se desenhava como uma nova fronteira para produção”, afirma.
Por ser pioneiro da atividade no estado, ele continua como independente, ou seja, não é integrado a nenhum frigorífico ou cooperativa. Isso porque, ao chegar em Mato Grosso, o segmento ainda não era estruturado.
“A nossa granja se divide em duas unidades e cada uma possui mil matrizes, totalizando duas mil matrizes que produzem, aproximadamente, quatro mil leitões por mês”, explica.
Ele ainda comenta que a unidade produz todo o ciclo, desde a fabricação de ração, estocagem, laboratório de produção de sêmem, maternidade quando o leitão nasce, até a fase de creche. Quando o leitão atinge cerca de 25 quilos, segue para terminação em granjas parceiras. Uma vez prontos para o abate, seguem para o frigorífico.
Granja proporciona bem-estar animal
A propriedade se destaca quando o assunto é o bem-estar animal. Ao redor das unidades, foi plantado árvores de manguba – árvores de porte médio com bastante folha para gerar sombreamento, dando conforto térmico dentro dos galpões.
Para as matrizes, na maternidade, ainda tem os ventiladores que garantem um clima mais fresco. Já os machos, tem a regalia do ar-condicionado. Aparelho ligado 24 horas para não estressar os animais, para melhora da fertilidade.
Quanto ao custo com energia elétrica, não existem empecilhos. Todos os dejetos da granja vão parar em um tanque – biodigestor. A matéria orgânica passa por um tratamento anaeróbico que resulta em biogás e biofertilizante.
O biogás é o combustível deste motor acoplado a um gerador de energia elétrica. “O que se produz em energia elétrica, em termos monetários, é o equivalente para mim tirar o custo de mão de obra da granja e ainda o que eu vendo de energia, soma-se a esse valor, suficiente para despesas dentro da granja”, diz.
O biofertilizante que sai do biodigestor foi canalizado para uma plantação de cocos, vizinha da granja.
“Dentro da granja tudo circula. Reutilização de água, tratamento dos dejetos, aproveitamento de matéria orgânica para fertirrigação, biometano, que é o biogás, para produção de energia, o que era lixo hoje tem um fator econômico, social e ambiental”, destaca.
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