A fazenda Santa Apolônia, localizada na divisa entre os municípios Rondonópolis e Poxoréu em Mato Grosso, enfrentou uma situação desastrosa. Dos 3,6 mil hectares da propriedade, mais de 90% foi destruído pelas queimadas, deixando um prejuízo de cerca de R$ 8 milhões.
Galpões, áreas de reserva vegetal, pastagens e cercas foram consumidas pelo fogo. O pecuarista Walter José de Oliveira, conta ao MT Sustentável, desta semana, que utiliza recursos próprios para a reconstrução da sua propriedade, focado na recuperação de mais de 130 quilômetros de cercas e pastos.
“Em quase 48 anos, nunca vi um fogo dessas proporções em minhas propriedades, nunca aconteceu isso. O fogo veio de outras propriedades vizinhas, com uma invasão muito rápida durante um longo período de estiagem, causando um transtorno total”, comenta.
O nome da fazenda é uma homenagem à padroeira dos dentistas. Isso porque, antes de se dedicar à pecuária, Walter exerceu a odontologia por 30 anos e a há 17 anos, trocou o consultório pelo campo.
Incêndios dificultam recuperação da propriedade
A prioridade do pecuarista agora é dividir novamente os pastos e recuperar as cercas.
“Nós já estamos vendendo gado para poder fazer a recuperação das cercas e das coisas prioritárias. O curral, que queimou, tivemos que improvisar. Estamos desfazendo de patrimônio e para recuperar tudo, levaremos uns oito anos,” explica Walter.
Para documentar o incidente e proteger-se de possíveis processos, Walter contratou o consultor e engenheiro florestal Ananias Bueno.
Ele preparou um laudo técnico utilizando imagens de satélite, que mostram que o fogo não teve origem na propriedade de Walter.
“A gente monta esse laudo para mostrar o passo a passo da queimada. Isso resguarda ele e demonstra que, de fato, ele não é o causador da queimada dentro da propriedade. Tudo para sua defesa, para ele se garantir de algum processo futuro que venha a ocorrer,” pontua Ananias.
Embora a devastação seja grande, a natureza possui uma capacidade regenerativa notável. Após o fogo, apenas duas chuvas foram suficientes para mudar a coloração das áreas de pastagem. No entanto, essa brotação precisa de ajuda adicional com adubação e calagem para garantir que o gado tenha alimento suficiente sem degradar o solo.
Para Ananias, a análise do solo é essencial para a recuperação da pastagem.
“É bem provável que, com a queima, muitos nutrientes sejam perdidos, e o pasto precisa desses nutrientes para se manter. Só o pasto, por si só, vai ser difícil de retornar. É interessante entrar com algum tipo de adubação para que o gado possa voltar e ter o alimento necessário para engordar de novo,” ressalta.
Apoio de cooperativas para produtores
O que ocorreu na fazenda de Walter é um cenário que se repete em várias propriedades de Mato Grosso, levando muitos produtores a buscar recursos financeiros em cooperativas de crédito.
Willian Aguiar, assessor do segmento agro/Sicredi, observa que a maioria dos produtores está lidando com os prejuízos utilizando recursos próprios, que se esgotam rapidamente.
Ele orienta os produtores a procurarem pela cooperativa. “É importante que eles conversem com as instituições para buscar esse recurso e conseguir um prazo adequado para poder recompor esse trabalho de anos dentro da propriedade”.
*Texto corrigido por Ana Moura.
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