A água é essencial para o dia a dia das pessoas, inclusive para a educação. Na região do Pantanal, escolas na área rural chegaram a ficar fechadas por três anos, após construídas, por não haver água para o consumo humano e nem para a limpeza. A solução para o problema foi encontrada na captação da chuva.
O assunto é o tema do episódio sete do MT Sustentável desta semana.
Na área rural do município de Cáceres está localizado o Assentamento da Fronteira, no Alto Pantanal, distante a cerca de 70 quilômetros da cidade. Lá funcionam duas escolas, uma da rede estadual e outra municipal, que juntas somam quase 240 estudantes e um problema em comum: a escassez hídrica da região.
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Na época da construção das escolas poços artesianos, com mais de 100 metros de profundidade cada um, chegaram a ser perfurados, mas sem sucesso. Contudo, viu-se que parte da solução do problema estava nas próprias instituições de ensino através da coleta da água de chuva nos telhados e o depósito em cisternas.
Com ajuda de várias instituições o sistema foi construído nas duas escolas e mudou a rotina da comunidade escolar.
“Ajudou bastante. Foi bastante beneficiada a escola na questão da limpeza e descarga dos banheiros”, comenta o professor Marcos Novakc.
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Ensino levado da escola para casa
A escola também tem sido o local para aprender, na prática, sobre o uso sustentável da água. Segundo a diretora da Escola Estadual 12 de Outubro, Jennifer Bianca Leite dos Santos, em 2022 o local registrou três meses de escassez hídrica.
“Então, foi trabalhado muito a questão de preservar, de não desperdiçar, de utilizar água de forma consciente com os nossos estudantes. A gente sempre preza para levar para os pais, familiares, para a comunidade, porque não é uma realidade específica da escola é uma realidade da nossa região”.
A pedagoda Solange Maria de Souza Novakc comenta que na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida também são realizados trabalhos de conscientização com as crianças.
“Aqui na escola Nossa Senhora Aparecida a gente atende de educação infantil, pré ao quinto ano. Uma faixa etária que são bem crianças que você vai conversando, falando todos os dias para eles e colocando na cabecinha deles o que pode tanto na escola o uso quanto em casa”, diz a pedagoga.
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A água estocada permite o desenvolvimento de atividades práticas entre os estudantes, como a horta e o pomar. Além de reforçar a merenda, com frutas e verduras, a atividade é fundamental para estudantes da área rural.
“Lá em casa também tem uma horta. Tudo o que nós fazemos aqui, faz lá em casa também para produzir mais”, comenta o estudante Kayke Gabriel Máximo Mansani, de 15 anos.
Assim como Kayke, o pequeno Michel Lucas Nunes, de sete anos, também resolveu colocar em prática na sua casa o que aprendeu na escola sobre o sistema de coleta de água da chuva. “Pra dar água para as vacas, lavar a casa e aí é água da chuva”.
Formação de uma geração com visão ambiental
O projeto de captação de água das chuvas nas duas escolas em Cáceres foi levado pelo engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Samir Cury.
Ele que acompanha há 15 anos a falta de água em assentamentos, encontrou os parceiros para a construção do sistema nas escolas e comenta ver na educação um braço importante para resolver o problema.
“Nós estamos formando a próxima geração já com essa visão ambiental de captar e utilizar água de chuva”.
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