A construção de barraginhas (pequenas bacias escavadas no solo para conter a água da chuva) é o grande destaque da Estância Serrana, a 37 quilômetros de Cáceres, no coração da serra do mangaval. A propriedade de 180 hectares, foi adquirida há seis anos, e, na época, não possuía água. Nos dias atuais, devido ao esforço e dedicação, a estância conta com uma nascente.
“Eu aprendi isso com o Luciano Cordoval, que é o grande mestre das barraginhas no Brasil. Toda a água que cai na minha terra, é minha mas, aí eu acrescentei um detalhe nessa máxima, para que a água seja minha, é necessário que eu contenha essa água”, explica o professor universitário Samuel Laudelino da Silva, para o Canal Rural Mato Grosso.
A plantação de água do projeto “Água do Morro”, é o tema do MT Sustentável desta semana.
Formado em biologia com doutorado em produção de forragens, a pesquisa sempre esteve presente na sua vida e, na sua propriedade rural, não é diferente. Ao redor da casa existe um pequeno pomar, em formação e entre as plantas, é possível ver algumas mudas de maçãs – fruta de clima frio que estão sendo testadas para a adaptação ao calor.
Mas o que realmente chama atenção, é o que ele tem produzido no subsolo de um valor inestimável.
“Ninguém pensa em plantar água. Podem dizer que isso é bobagem porque chove todo ano. Mas o que nós fazemos com a chuva? Simplesmente chove e nós não seguramos essa água para nós, deixamos que ela escoe”, comenta.
O projeto “Água no Morro” é o que Samuel tem desenvolvido no sítio. Durante esses seis anos, ele construiu 42 barraginhas – pequenas bacias escavadas no solo para conter a água da chuva e facilitar a infiltração no lençol freático. Tudo isso tem sido feito com recursos próprios. Apesar de não revelar valores, ele explicou que já investiu o dobro do que pagou pela área.
“Eu consegui me convencer, primeiro, de que se tratava de um enorme desafio e que alguém precisava fazer. Eu precisava começar um novo momento num lugar extremamente difícil. Aqui tem muita pedra, um morro, grandes declives e ausência de água. Então, o que esperar da produção em um lugar como esse?”, frisa.
A água que hoje serve o sítio vem de um poço artesiano, que só funcionou depois de muita insistência. Antes dele outros três poços foram perfurados sem sucesso.
Por não ser abundante, ele construiu um reservatório com capacidade para 103 mil litros que é abastecido pelo poço a cada duas horas. Se a água do poço ainda é uma impressão do resultado das barraginhas, o que ele possui, é quase a prova de que plantar água dá certo. Em local pouco distante da sede, há dois anos, surgiu um tímido olho d’água.
“Aqui não resta outra alternativa, senão acreditar de fato que as barraginhas estão contribuindo para o aumento da água… Da agora nascente recuperada”, pontua.
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