MT SUSTENTÁVEL

Cobertura de solo é vista como estratégia para garantir a próxima safra

Alternativa foi aplicada em áreas que não receberam a segunda safra, visando a obtenção de uma boa palhada para o próximo ciclo

O investimento no perfil de solo pode ser uma alternativa para minimizar as perdas no campo em períodos de déficit hídrico mais agressivos. Na região sudeste de Mato Grosso, propriedades que não alcançaram a janela para o plantio da segunda safra, diante das adversidades climáticas, estão apostando no capim para garantir uma boa palhada para a próxima safra.

A importância da cobertura de solo em áreas de pousio é o assunto do episódio 59 do MT Sustentável.

O estresse hídrico e as altas temperaturas nesta safra 2023/24, provocados pelo fenômeno El Niño, surpreenderam os produtores mato-grossenses e especialistas na área agronômica.

No estado, devido aos atrasos com a soja, muitas áreas de segunda safra de milho, por exemplo, foram migradas para o algodão ou outras culturas. Em algumas propriedades a semeadura de capim, para garantir uma boa palhada para a safra 2024/25, foi a alternativa escolhida.

Em Rondonópolis, a Fazenda Guarita é um exemplo. A propriedade possui 10,5 mil hectares. Destes, 6,5 mil hectares são destinados para a produção de grãos.

Conforme o gerente da fazenda, Everton Mann Applet, do total destinado para a produção de grãos, é feita área cheia na primeira safra com soja e três mil hectares de milho na segunda safra. Contudo, o ciclo 2023/24 foi diferente. A instabilidade climática, com pouca chuva no município, mexeu no planejamento.

“A nossa região atrasou bastante e percorreu assim durante toda a safra. Chovia um tempo, mais dez, 15 dias de estiagem e [foi] assim até o final da safra. Com esse atraso de plantio da soja, atrasou a janela de plantio do milho e tivemos que reduzir a área”.

Melhor estrutura de solo

Com o atraso na primeira safra e uma janela menor de plantio na segunda, a área destinada para o milho na Fazenda Guarita foi reduzida em mil hectares, de acordo com Everton. No lugar do cereal, a opção escolhida para não deixar o solo descoberto foi o capim.

“Uma parte dessas áreas vai para a Integração Lavoura-Pecuária. A outra parte, como temos um solo mais misto, vamos deixar só para manter a palhada mesmo, para manter o solo coberto durante o resto da safra e para começar a próxima já com uma estrutura de solo melhor e com cobertura”, explica Everton.

A importância da proteção de solo em áreas de pousio é uma unanimidade entre os pesquisadores. Segundo o diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, localizada em Lucas do Rio Verde, Fábio Pittelkow, um solo bem cuidado pode amenizar os prejuízos causados pelas interferências climáticas, como a seca, que tem sido marcante nesta safra.

“Solo coberto com uma boa palhada, ter um perfil de solo, que permita um crescimento radicular da nossa cultura, mais bem estruturado, são ferramentas e estratégias que cabe a nós como produtores. Digamos, isso não custa, eu não vou numa prateleira e comprar isso. Eu preciso adotar isso na minha fazenda e construir isso pensando num médio e longo prazo para colher os benefícios lá na frente”, salienta Fábio ao MT Sustentável.

Na Fazenda Guarita o pasto já muda a paisagem do local, deixando os talhões cobertos com uma imensa área verde, resultando em uma boa palhada e alimento certo para o gado. “Vamos investir um pouco mais em pecuária para tentar tirar esse prejuízo do milho”, conta Everton.

*Colaborou Noé Massaroli.

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