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Caminhões verdes: Amaggi já utiliza B100 no transporte de grãos em Mato Grosso

Para a Amaggi a substituição do combustível é estratégica para atingir a meta de descarbonização nas operações

Parte da frota de caminhões da Amaggi começa a rodar com B100, biodiesel 100%. A redução de emissões de gases de efeito estufa pode chegar a 99%. Para a companhia, a substituição do combustível fóssil pelo “verde” é estratégica para atingir a meta de descarbonização nas operações.

Recentemente o grupo Amaggi adquiriu 101 caminhões ou rodotrens, como também são conhecidos, para renovação de parte da frota. Todos adaptados ao biodiesel, ou seja, usam combustível verde, 100% de fonte renovável e com baixo impacto ambiental.

Os caminhões são resultado de testes que vêm sendo realizados desde 2019 em parceria com a empresa sueca Scania.

O diretor de desenvolvimento de negócios e operações comerciais da Scania no Brasil, Marcelo Gallao, conta ao MT Sustentável desta semana que os testes foram de suma importância, pois em alguns pontos do caminhão observaram, por exemplo, o amolecimento de borrachas. Diante disso, explica ele, essas borrachas tiveram a matéria-prima alterada.

“Alteramos anéis de pescador, juntas e tudo o que tem contato com o biodiesel no sistema de injeção do caminhão”, conta.

Outra mudança feita foi no escapamento, com o intuito de reduzir a pressão de escape.

Marcelo Gallao pontua que isso deixa o veículo mais solto, além do comportamento do biodiesel ser similar ao do diesel.

“O biodiesel e diesel tem diferença também em relação à densidade. O biodiesel é um pouco mais denso. Quando você bombeia um fluido mais denso você aumenta a pressão. Então, a gente colocou algumas válvulas de alívio de pressão no sistema de injeção. Essas foram as principais alterações que nós fizemos no caminhão”.

Escoamento via porto de Miritituba

De acordo com a Amaggi, por enquanto a frota verde fará o trajeto entre Mato Grosso e o porto de Miritituba no Pará, com posto de abastecimento próprio, próximo à divisa dos dois estados. A decisão de iniciar o processo de substituição do combustível tem razões ambientais e de segurança nas operações.

“Em função da pandemia, da guerra na Europa, que mexeu com o fornecimento mundial de combustível, a gente acendeu uma luz e falou: olha, quem sabe aí está a nossa solução para a garantia de um abastecimento num eventual estresse? Então, as operações poderiam ter um seguro de abastecimento de combustível. Lincado a isso, veio a oportunidade da sustentabilidade, oportunidade ambiental”, frisa Ricardo Tomczyk, diretor de relações institucionais da Amaggi.

A gerente socioambiental da Amaggi, Fabiana Reguero, salienta que o uso do B100 “com certeza tem um potencial enorme de redução das emissões”.

“Se conseguirmos expandir nesse projeto, atingindo 100% da nossa frota própria, as nossas embarcações e os maquinários agrícolas, poderemos chegar até uma redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa da Amaggi inteira. Isso com certeza vai fazer com que a Amaggi contribua também no combate às mudanças climáticas”, comenta Fabiana ao MT Sustentável.

Autorização para testes em navegação fluvial

Além dos caminhões e máquinas agrícolas, a Amaggi também fará testes com B100 em embarcações fluviais. O grupo, por sinal, já conseguiu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A primeira embarcação com biodiesel do Brasil percorreu o trecho, ida e volta, do rio Madeira, entre Porto Velho, em Rondônia, até Itacoatiara, no Amazonas. Foram percorridos no total 2,5 mil quilômetros.

“Esse teste aconteceu no mês de maio e tivemos excelentes resultados. Já fechamos o plano de trabalho proposto pela ANP para o levantamento de dados durante essa viagem teste e já solicitamos a ampliação do volume de combustível para utilizar nas outras embarcações. Estamos aguardando o posicionamento da ANP”, frisa Ricardo Tomczyk.

Produção de biodiesel em Lucas do Rio Verde

Para movimentar toda a frota, que inclui máquinas agrícolas, caminhões e barcos, o grupo gasta anualmente cerca de 120 milhões de litros de diesel. Como a relação entre o diesel e o biodiesel é muito próxima, no futuro, caso haja a substituição total, a produção do combustível verde sairá da fábrica em Lucas do Rio Verde.

A capacidade anual de produção é de 337 milhões de litros do biocombustível, quase três vezes o volume gasto em um ano. Na unidade fabril a matéria-prima é exclusivamente soja, óleo que vem da esmagadora ao lado.

“A cadeia que a Amaggi tem hoje para a produção de biodiesel é a cadeia completa. Desde a lavoura até o processamento final. Então, ela não perde nada”, destaca o gerente de operação da fábrica, Carlos Cabral.

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