
No entroncamento das BR-163 e 364, Rondonópolis vive uma relação de acolhimento e expansão entre a produção agropecuária e a vida urbana. “Mãe” das principais entidades do setor produtivo e capital do bitrem, é a cidade mais populosa do interior do estado com cerca de 260 mil habitantes, conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujo crescimento populacional a cada ano é atribuído ao desenvolvimento econômico da região, com destaque para o agronegócio e a indústria.
A cidade é um importante polo logístico e industrial, atraindo moradores de diversas partes do país. Exemplo disso é a família do empresário no ramo de materiais para a construção Alexandro Hillesheim que chegou a Rondonópolis em 1978, vindo de Palmas no Paraná.
“Vimos esta cidade crescer. Porém, foi a partir das primeiras lavouras de soja e milho que a cidade realmente expandiu, vindo com isso indústrias, comércios, pessoas, investimentos. Sem o agro iria se estagnar, pois não tem outras fontes com o mesmo potencial”, diz o empresário.
A cidade de Rondonópolis foi fundada em 10 de dezembro de 1953, completando 72 anos de emancipação político-administrativa em 2025. “Rondonópolis e toda a região sul do Estado gira em torno do agronegócio, pois é a principal atividade. É dele que vem a receita para o município, o estado e as empresas manterem seus investimentos”, salienta Alexandro ao Canal Rural Mato Grosso.

Comércio fortalecido pelo campo
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Rondonópolis, Leonardo Resende, o agronegócio é a base de toda a engrenagem econômica do município. Ele lembra que a produção agropecuária gera a riqueza original, que depois é potencializada pela indústria e, por fim, movimenta o comércio.
“Se nós não tivéssemos um agro forte aqui na região, se não tivéssemos um posicionamento geográfico muito privilegiado, a infraestrutura poder concentrar essas pessoas ao entorno da cidade, nós não teríamos um comércio forte”, afirma.
O comércio local, segundo Leonardo, tem papel fundamental ao fazer essa riqueza circular. “O comércio dá a propulsão sim. Ele pega essa riqueza e gira”. Ele ressalta que o empresariado rondonopolitano aposta na cidade como lugar para viver e investir. “O empresário rondonopolitano ele acredita e aposta sempre na cidade. Ele faz o seu investimento aqui, ele quer ficar aqui. Isso consequentemente ajuda esse ciclo virtuoso”.

Desenvolvimento urbano com raízes no agro
A conexão entre cidade e campo também é destacada por Lucindo Zamboni, presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis. Para ele, a cidade é mais do que produtora de grãos. “Rondonópolis já está há um passo adiante do resto do Estado. Todo esse pessoal que trabalha nas indústrias, todas as revendas, toda essa gama de serviços pós e antes da lavoura estão em Rondonópolis”, afirma à reportagem do Canal Rural Mato Grosso.
Ele contesta quem diz que a cidade deixou de ser agro. “Não! Ela é 100% agro, porque o campo começou e as indústrias, o pós-soja, pós-algodão, pós-semente são feitos dentro de Rondonópolis”.
Segundo Lucindo, a cidade se transformou nos últimos anos a partir dos investimentos vindos do campo. “O agro vai gerando riquezas e essas riquezas são investidas na cidade. Se você pegar Rondonópolis há 10 anos atrás e vinha para o Parque de Exposição era campo baldio. Hoje, a cidade já chegou e passou do Parque de Exposição”.
Ainda que a área plantada de soja e milho diretamente no município não seja tão expressiva, com cerca de 80 mil hectares, Rondonópolis concentra moradores e investidores de toda a região sul de Mato Grosso, como Itiquira, Pedra Preta e Primavera do Leste. “A maioria do pessoal que planta em Itiquira, que cultiva cerca de 300 mil hectares, mora aqui. É uma cidade polo”, afirma Zamboni.
Para ele, embora o crescimento populacional seja mais discreto, o impacto econômico é robusto. “Rondonópolis é uma cidade aconchegante. Ainda que não tenha crescido pelo número de pessoas, mas os números são muito grandes. Nós somos a segunda maior economia do estado. Temos vários pontos em que somos a maior economia”.

Tradição e acolhimento
Com mais de quatro décadas de atuação em Rondonópolis, a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) nasceu na cidade com foco na pesquisa voltada para a soja e ajudou a consolidar outras importantes instituições do agro mato-grossense, como a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso) e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), assim como o Instituto Pensar Agro (IPA).
O presidente da entidade, Nelson Croda, lembra que o vínculo entre Rondonópolis e o setor produtivo vai além da economia. “Rondonópolis acolhe o agro, assim como o agro acolhe Rondonópolis”.
O gaúcho de Palmeiras das Missões, que hoje lidera a entidade, afirma que o desenvolvimento promovido pela agricultura foi expressivo e contínuo. “É um desenvolvimento populacional, social e de qualidade de vida”, resume.

Berço da pesquisa e da liderança agrícola
A história do agro em Mato Grosso passa por Rondonópolis, inclusive no campo da pesquisa. Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, o município foi pioneiro na produção agrícola e também na geração de conhecimento. “A pesquisa também iniciou aqui e se expandiu para o resto de Mato Grosso”, pontua.
Ele destaca que os primeiros grandes líderes do agronegócio no estado surgiram na cidade. “As grandes lideranças, os grandes nomes que surgiram no início da soja de Mato Grosso, a grande maioria saiu daqui e daqui se difundiu para todo o estado com a chegada de mais imigrantes do sul”.

Investimentos públicos reforçam papel estratégico
Além da força da iniciativa privada, Rondonópolis também vem recebendo aportes significativos do poder público. Em visita ao município em junho de 2025, o governador Mauro Mendes destacou que mais de R$ 1,2 bilhão já foram investidos na cidade desde o início de sua gestão. As áreas de saúde, educação, segurança e infraestrutura têm sido beneficiadas.
Outro marco importante nos últimos tempos para a região têm sido a Ferrovia Estadual de Mato Grosso. Em junho foi entregue a primeira ponte da ferrovia. A Ponte Ferroviária sobre o Rio Vermelho, com 460 metros de extensão, é a maior do tipo no estado e faz parte do projeto da primeira ferrovia estadual do Brasil. A ferrovia, cuja largada foi dada em Rondonópolis em 2022, contará com 743 quilômetros de trilhos, conectando a cidade a Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, além de se integrar à malha nacional com acesso ao Porto de Santos.

Geração de empregos impulsionada por múltiplos setores
Rondonópolis gerou 29.483 empregos com carteira assinada no primeiro semestre de 2025, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo entre admissões e desligamentos no período foi positivo, com 2.380 novas vagas formais criadas.
O município foi o segundo que mais contratou no período, representando 8,18% das admissões no estado, ficando atrás apenas de Cuiabá que se destacou por totalizar 70.309 novos postos de trabalho, 19,5% do total.
Em Rondonópolis, o setor de serviços foi o maior responsável pela geração de empregos formais no primeiro semestre, com 13.487 contratações. Na sequência, estão o comércio (7.582 admissões), construção (3.575), indústria (3.496) e agropecuária (1.343).
Em 2024, Rondonópolis gerou 55.986 empregos com carteira assinada, conforme o Caged. O saldo entre admissões e desligamentos no período foi positivo, com 2.269 novas vagas formais criadas.
Entre os setores econômico, o setor de serviços foi o maior responsável pela geração de empregos formais no ano passado, com 23.992 contratações, seguido do comércio (14.378 admissões), construção (8.488), indústria (7.078) e agropecuária (2.050).
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